AL-CE gasta R$ 1,2 mi em comissões

Assembleia Legislativa diz que comissões existem para dar suporte à atividade parlamentar
Nos quatro primeiros meses deste ano, a Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) já concedeu a prestadores de serviço 1.055 gratificações mensais. Os pagamentos correspondem à participação de pessoas em “grupos” ou “subgrupos” de trabalho com produção limitada ou que repetem funções de outros departamentos da Casa. Os benefícios somam R$ 1,2 milhão ao mês.


A informação tem base em levantamento do O POVO em diários oficiais do Estado. De 14 de janeiro até 20 de abril deste ano, foram vários os atos do presidente da Assembleia, Zezinho Albuquerque (Pros), indicando beneficiados. A maioria deles é de servidores da própria Casa. Com funções diversas e pagamentos variando entre R$ 300 e R$ 2 mil, os prestadores estão lotados em pelo menos 88 grupos, subgrupos ou programas diversos.

Entre eles, há um para “gerenciar o arquivo” do memorial da AL e outros dois para “pesquisa de campo” e “processamento de informações” do memorial. O Centro Darcy Ribeiro, uma sala da Casa que recebe demandas de escolas, possui grupos com 37 servidores para “apoio de atividades”, “encaminhamento de demandas” e até para “proposição de soluções para problemas apresentados”.
Nas últimas semanas, O POVO percorreu departamentos da Assembleia em busca dos grupos. Nos corredores, no entanto, perguntas sobre os colegiados despertavam reações entre a surpresa e o desconhecimento. “Quem?” e “comissão de quê?” foram
reações comuns.

Desertificação
Sob pretexto de fazer uma reportagem sobre desertificação, O POVO foi até o departamento de comissões da Assembleia procurar um dos três subgrupos sobre o tema. Na Comissão de Meio Ambiente e Semiárido, a equipe foi informada de que tais colegiados não existiam e orientada a procurar o Conselho de Altos Estudos (CAE).

Já no CAE, resposta também foi negativa, com uma funcionária recomendando que a reportagem procurasse a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Apesar de a Assembleia ainda não ter definido quais dos deputados serão o ouvidor-geral e o corregedor para o atual biênio, subgrupos sobre os temas já foram criados na Casa.

Entre os indicados, chama a atenção a presença de muitos militantes políticos. Em diversos casos checados, o perfil de “gratificados” nas redes sociais incluía diversas fotos e propagandas de deputados.
Também estão na lista parentes de políticos, como Hermeto Aguiar – filho do deputado Ely Aguiar (PSDC). Procurado pelo O POVO,
o parlamentar confirmou que seu filho é servidor da Assembleia. Aguiar negou, no entanto, saber em que setor seu filho trabalha ou ter qualquer relação com sua nomeação.

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