41 cidades do Ceará ficarão sem água até dezembro


A recomendação dos técnicos da área é a adoção de medidas de racionalização na oferta de água
00:00 · 11.05.2016 por Honório Barbosa - Colaborador
Iguatu. A atual quadra chuvosa (fevereiro a maio) se aproxima do fim e, com precipitações abaixo da média, o Ceará enfrenta o pior ciclo de estiagem desde 1950. Já são cinco anos seguidos sem recarga nos reservatórios que abastecem os núcleos urbanos. Resultado: 41 cidades devem enfrentar crise hídrica de desabastecimento, pelo menos, até dezembro próximo.
A situação é considerada preocupante e tende a se agravar nos próximos meses. A avaliação é do Grupo de Trabalho de Segurança Hídrica do Comitê Integrado de Convivência com a Seca. Os técnicos recomendam medidas de racionalização na oferta de água e constatam que o atual quadro de escassez vem afetando drasticamente o sistema de abastecimento, as atividades agropecuárias e a criação de camarão no Baixo Jaguaribe.
Espera-se para 2017 o fim do atual ciclo de seca com o desaparecimento do El Niño e possibilidade de La Niña, inversão térmica nas águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. Entretanto, a situação deve continuar crítica em janeiro e fevereiro do próximo ano, período ainda de reduzidas chuvas.
Os municípios foram divididos em três categorias de criticidade de abastecimento, conforme o período em que os sistemas de oferta de água à população devem entrar em colapso. O grupo um reúne 17 cidades que enfrentam crise atual até julho próximo. São elas: Aratuba, Bela Cruz, Boa Viagem, Campos Sales, Catunda, Deputado Irapuan Pinheiro, Iracema, Milhã, Mombaça, Mulungu, Pacoti, Palmácia, Pedra Branca, Pereiro, Quixelô, Solonópole e Tamboril.
Neste mês de maio, segundo o relatório, Boa Viagem, Catunda, Iracema, Mulungu, Pacoti, Palmácia, Pedra Branca, Quixelô e Tamboril já vivenciam desabastecimento urbano. Uma das situações mais graves é em Boa Viagem, no Sertão Central, abastecida por carros-pipa que captam água em cidades da região. Os açudes que abasteciam a cidade secaram e os poços profundos não apresentam vazão.
O grupo dois inclui oito centros urbanos com situação crítica estimada para o período de agosto a outubro vindouro. São eles: Altaneira, Apuiarés, Araripe, Ararendá, Baixio, Ipaumirim, São Luís do Curu e Umari. O Açude Jenipapeiro II que abastece Ipaumirim, Baixio e Umari vai entrar em colapso em outubro próximo, agravando a situação naquelas três cidades.
O grupo três inclui 16 cidades que devem enfrentar situação crítica de desabastecimento entre novembro e dezembro. São elas: Aquiraz, Capistrano, Coreaú, Forquilha, Granjeiro, Independência, Ipueiras, Itapiúna, Madalena, Moraújo, Potiretama, Piquet Carneiro, Salitre, Senador Sá, Tejuçuoca e Uruoca. Açudes e poços que abastecem esses núcleos urbanos devem entrar em colapso no fim do ano, segundo avaliação técnica da Cogerh. Em Salitre, a situação é mais grave e o abastecimento depende carro-pipa.
Havia 24 cidades que corriam risco de entrar em colapso, mas graças às chuvas em janeiro e março passados houve recarga nos reservatórios, assegurando o abastecimento até o fim do ano. São as seguintes: Alto Santo, Aratuba, Cariré, Cedro, Cruz, Ererê, Groaíras, Guaramiranga, Ibicuitinga, Icó, Ipaporanga, Ipu, Itatira, Marco, Morrinhos, Novo Oriente, Quiterianópolis, Quixeramobim, Parambu, Potengi, Russas, Saboeiro, Santana do Acaraú e Trairi.
O Diário do Nordeste solicitou entrevista com o titular da SRH e o presidente da Cogerh, mas ambos estavam em reunião e não puderam atender à solicitação.
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