Dom Aldo Pagotto, que teve o pedido de renúncia aceita pelo papa Francisco ,
esteve envolvido em acusações no Ceará, onde desenvolveu atividades
como bispo da Diocese de Sobral, na Região Norte. Além das recentes
denúncias de pedofilia, ele já havia sido acusado pelo Ministério
Público Estadual do Ceará, em 2002, de induzir adolescentes a mudarem
depoimentos à Justiça no caso do frei Luis Sebastião Thomaz -apontado
como suposto autor de abuso sexual contra 21 meninas de Santana do
Acaraú, no interior cearense.
Em 2002, frei
Luis Sebastião Thomaz foi denunciado por crianças e adolescentes de
abuso sexual em troca de roupas, dinheiro e alimentos.
Na época, em entrevista ao O POVO,
o delegado responsável pelo inquérito, Aurélio Araújo, afirmou que o
então bispo da Diocese de Sobral, Aldo Pagotto, teria incentivado as
jovens, na casa delas, a contarem outra história sobre o caso. Isso
teria ocorrido após rezar uma missa em Santana do Acaraú.
O
promotor do Ministério Público Estadual em Sobral, Alexandre Pinto,
foi autor da denúncia e afirmou em entrevista na tarde desta
quarta-feira, 6, que, na época, a acusação foi recebida pela então juíza
de Santana do Acaraú, Solange Menezes Holanda, mas foi arquivada pelo
Tribunal de Justiça do Ceará.
“Quando ainda
estava em interrogatório, recebemos a comunicação que o TJCE havia
determinado o trancamento da ação e com isso a ação foi praticamente
encerrada. Não houve pedido de recurso”, afirmou.
Segundo
padre Gilson Soares, assessor da Confederação Nacional de Bispos do
Brasil (CNBB) na Regional Nordeste 1, com o pedido de renúncia de Aldo
Pagotto aceito, ele agora se torna bispo emérito. “Ele continua sendo
padre, continua sendo bispo, mas tirou a função do exercício em João
Pessoa”, explicou.
Ao aceitar a renúncia de
dom Aldo, papa Francisco nomeou dom Genival Saraiva de França como
administrador apostólico da Arquidiocese, até que um novo arcebispo seja
nomeado. Dom Genival esteve durante esta semana no Ceará para pregar em
um retiro de padres. Ainda de acordo com Gilson Soares, ele voltou para
Recife nesta quarta-feira.
A equipe do O POVO tentou contato com a Arquidiocese da Paraíba nesta tarde, mas as ligações não foram atendidas.
Renúncia
O
Vaticano anunciou nesta quarta-feira que o papa Francisco aceitou a
renúncia do arcebispo da Paraíba (Brasil), após uma investigação da
Santa Sé sobre um escândalo de pedofilia. Dom Aldo esteva à frente da
Igreja Católica na região de João Pessoa há 12 anos. Veja na íntegra a carta de renúncia de Dom Aldo Pagotto.
De
acordo com a imprensa italiana, o religioso ítalo-brasileiro de 66 anos
é suspeito de ter abrigado em sua diocese padres e seminaristas
acusados de abusar sexualmente de menores e expulsos por outros bispos.
Ele também manteria uma relação com um rapaz de 18 anos.
Em
sua carta de renúncia, dom Aldo afirma que cometeu erros "por confiar
demais, numa ingênua misericórdia". "Acolhi padres e seminaristas, no
intuito de lhes oferecer novas chances na vida. Entre outros, alguns
egressos, posteriormente suspeitos de cometer graves defecções,
contrárias à idoneidade exigida no sagrado ministério", prossegue.