O presidente da República Michel Temer protagonizou
nesta terça-feira uma cena inusitada. Acompanhado da mulher, Marcela
Temer, e de um séquito de assessores e seguranças, Michel foi buscar o
filho Michelzinho na escola. Visto de longe, foi o gesto delicado de um
pai zeloso. Observado de perto, foi a movimentação temerária de um
político que, no afã de tornar-se popular, não poupa nem a privacidade
do filho.
O
deslocamento de Temer foi comunicado com antecedência aos jornalistas.
Ao chegar, o pai de Michelzinho, de 7 anos, acenou para filmadoras e
máquinas fotográficas. Ao sair, foi abalroado pela pergunta de uma
repórter: virá buscar o filho todos os dias? Temer soou conciso: "Só hoje". O repórter Gustavo Uribe testemunhou o incômodo de outros pais com a azáfama que se formou defronte da escola. "Por que vocês não vão atrás dos corruptos? É apenas uma criança!'', afirmou uma mãe de aluno.
Num
país em que João Santana, o mago da marketing petista, está preso em
Curitiba, a desgraça de Dilma Rousseff funciona como um aviso: se
marketing e cenografia resolvessem o problema, Michel Temer ainda seria o
que ele próprio já chamou de "um vice decorativo". E Michelzinho ainda estaria frequentando a escola tranquilamente em São Paulo, a salvo das conveniências políticas do pai.