Acusado de mandar matar peruana irá a julgamento


Patrícia Maria Falcone de Venini estava dentro de um veículo Ford Del Rey Belina com o marido, quando foi morta a tiros ( FOTO: ARQUIVO DE FAMÍLIA )

O julgamento do ex-vereador de Camocim, Benedito Soares Pereira, o 'Seu Bené', hoje com 90 anos, deve acontecer amanhã. Ele deve, finalmente, ser submetido a júri popular, dez anos após o assassinato da peruana Patrícia Maria Falcone de Venini. O juiz Victor Nunes Barroso, da 3ª Vara do Júri de Fortaleza, marcou o julgamento para as 9h.

A filha de Patrícia, Andrea Venini Falcone, veio de Lima, no Peru, para acompanhar o julgamento de perto. "Estamos esperançosos que finalmente se possa fazer Justiça. No entanto, achamos que, como estratégia, o réu queira adiar novamente o julgamento", afirmou.

O homicídio aconteceu no dia 19 de junho de 2007. Patrícia Venini estava dentro de um veículo Ford Del Rey Belina, com o marido, o também peruano Roberto Carlos Venini Tápia, na Avenida Washington Soares, quando um homem não identificado pela Polícia, até hoje, se aproximou e efetuou disparos contra o casal. Um dos tiros atingiu a cabeça da peruana, que morreu momentos depois.

Ao prestar depoimento no 34ºDP (Centro), horas após o crime, o empresário Roberto Carlos Venini revelou que ele e a esposa tinham sido alvos de uma emboscada. Durante a oitiva, o estrangeiro forneceu detalhes que acabaram apontando para o então vereador de Camocim.

Roberto Venini já vinha sofrendo ameaças de Benedito, pois havia entrado com uma ação trabalhista contra o político, que o contratou para trabalhar em uma processadora de pescado e não teria pago pelo serviço. Na manhã do dia 20 de junho daquele ano, poucas horas depois do assassinato de Patrícia, seria realizada uma audiência do processo trabalhista.

"Ficamos na miséria, meu pai e minha mãe dificultosamente conseguiram trabalho e, através de amigos, começaram a vender artesanato em cidades próximas a Sobral. Nesse momento, eu e minha irmã morávamos em Sobral para terminar nossos estudos universitários. Meus pais foram morar conosco para diminuir os gastos. Em 2007, eles já tinham aberto um pouco o mercado de artesanato. Paralelamente, o caso trabalhista seguia correndo sem apresentar maiores avanços. A principal motivação do Benedito para encomendar o crime foi a dívida trabalhista que ele mantinha com o meu pai", acredita Andrea Venini.

Insatisfação

A Polícia Civil levantou provas suficientes para indiciar Benedito Pereira como mandante do homicídio. O mandado de prisão preventiva foi expedido pelo juiz José de Castro Andrade, da 3ª Vara do Júri, em 26 de setembro de 2007. No dia 11 de outubro daquele ano, 'Seu Bené' já tinha sido solto por um habeas corpus. Desde então, não voltou mais para detrás das grades.

Diante da morte e da ineficácia da Justiça, a família da vítima não quis continuar no Ceará, nem mesmo no Brasil. "A perda da minha mãe nos impactou muito. Ficamos com muito medo de que meu pai ainda fosse alvo. Decidimos voltar ao Peru, deixando no Brasil 20 anos de vida construída", contou Andrea. O réu perdeu o processo trabalhista impetrado por Roberto Venini. A ação já está na fase de penhora de bens para a execução da sentença.

Já a sentença de pronúncia do réu foi proferida no dia 22 de julho de 2014. A reportagem tentou contato com a defesa de Benedito Soares Pereira, mas não teve as ligações atendidas.

DN