Minha casa, Minha vida pode parar





Segundo a Associação dos Construtores do Centro-Sul, em 2016, somente em Iguatu, foram movimentados R$ 57 mi do MCMV ( Foto: Honório Barbosa )
00:00 · 25.09.2017 por Honório Barbosa - Colaborador

Iguatu Os recursos do programa "Minha Casa, Minha Vida" (MCMV) para as faixas de renda 2 e 3 já chegaram ao fim em vários estados. No Ceará, a verba está suspensa há mais de dez dias. A perspectiva de suspensão do financiamento da casa própria traz preocupação para os pequenos construtores e consumidores. O setor prevê um cenário de demissões e paralisação de obras em andamento.

O presidente da Associação dos Construtores da Região Centro-Sul do Ceará, Elenilton Lopes, disse que há uma mobilização nacional, por meio da Federação Nacional das Pequenas Construtoras, contra a decisão do governo federal, por meio do Ministério das Cidades, em realizar cortes no programa.

A faixa 2 prevê financiamento para quem tem renda de até R$ 4 mil e a faixa e de até R$ 9 mil. Na região Centro-sul do Ceará, há atualmente cerca de 30 contratos do programa em andamento, que representam um total financiado em torno de R$ 3 milhões. São 50 pequenas construtoras em atividade, que geram cerca de mil empregos diretos.

De acordo com a Associação dos Construtores da Região Centro-Sul do Ceará, em 2016, somente na cidade de Iguatu, foram movimentados R$ 57 milhões em recursos do programa "Minha Casa, Minha Vida". "Esse total gerou tributos para o município na ordem de R$ 2 milhões somente no ano passado", disse Lopes. "São números representativos e é um setor que movimenta a economia local". Os pequenos construtores estão preocupados. "Se a decisão de suspender os financiamentos for mantida haverá paralisação dos serviços, desemprego e perda de renda para milhares de famílias", frisou Elenilton Lopes. "Estamos aguardando uma decisão do Ministério das Cidades, da Caixa Econômica Federal e já pensamos em promover uma manifestação na cidade, reunindo os construtores e operários".

Segundo a Associação dos Construtores do Centro-Sul do Ceará, as agências da Caixa Econômica Federal vêm atrasando as aprovações dos financiamentos imobiliários do MCMV. "Inicialmente o sistema do banco apresentava mensagem de proposta sem reserva orçamentária e a Caixa chegou a alegar problemas técnicos, mas descobrimos que se trata de falta de verba orçamentária", disse Lopes.

O Ministério das Cidades informou que, por instrução normativa, a Caixa foi orientada a remanejar verbas do programa entre os estados. A norma foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) no último dia 11.

Empregos

O diretor da Associação dos Construtores do Centro-Sul, Ronaldo Oliveira, disse que o programa gera emprego no setor da construção civil, movimenta a economia, em particular as vendas nas lojas especializadas. "Esperamos que o governo libere mais recursos para continuidade do programa", observou. "Estamos no meio de uma crise que vem se arrastando, já houve redução no número de financiamentos e construção e, se houver uma paralisação, o quadro de desemprego vai se agravar".

Pedreiros e auxiliares temem a suspensão. "Já temos colegas desempregados, há vários meses atrás de trabalho e temos medo de a situação piorar", disse o mestre de obra Joaquim Lima. Na cidade, o clima é de apreensão entre os operários. Quem também espera o financiamento teme adiar o sonho da casa própria. "Já estou há seis meses esperando a proposta ser aprovada e espero que dê tudo certo", disse a comerciária Ana Lúcia Costa

DN
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