Coronel Nunes assume CBF durante suspensão de Del Nero





Lucas Figueiredo/Mowa Press

A suspensão imposta pela Fifa a Marco Polo Del Nero, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), catapultará ao cargo máximo do futebol nacional o vice-presidente mais velho da entidade, Antônio Carlos Nunes, o Coronel Nunes - esta é a determinação do estatuto do órgão. Aos 81 anos, ele também chefia a Federação de Futebol do Pará.

De janeiro a março de 2016, Nunes chegou a ocupar o cargo de presidente interino da entidade, quando Del Nero pediu licença voluntária "por motivos de ordem pessoal", mas deixou o cargo a partir do momento em que o presidente decidiu voltar. 

Desta vez, o coronel ficará no comando da CBF por pelo menos 90 dias: este é o período mínimo do gancho imposto pela Fifa, que poderá ser estendido por mais 45 dias. O comunicado da entidade informou que "a decisão foi tomada diante do pedido do presidente da câmara de investigação, levando em conta a investigação formal sobre o senhor Polo Del Nero".

Quem é Coronel Nunes

Apesar de ter sido comandante militar e prefeito biônico em Monte Alegre (PA) no período da ditadura, o Coronel Nunes recebe até um saldo mensal de R$ 14,7 mil como perseguido pelo regime e futuramente anistiado, segundo reportagem de Lúcio de Castro em 2016. Além das prestações mensais, ele ganhou uma indenização retroativa de R$ 243.416,25 em 2003.

Antes de assumir pela primeira vez a presidência da CBF, o dirigente reclamou das críticas que vinha recebendo. "Não sei qual é o preparo que eles [críticos] acham que tem de ter para ser presidente da CBF. Se tiver uma faculdade que o cara tem de ter para ser dirigente maior do futebol nacional a gente corre atrás", questionou.

A eleição de Nunes para vice-presidente da CBF se deu em dezembro de 2015, apenas 21 dias antes de ele assumir a presidência interinamente, e foi cercada de polêmicas: apesar de ser da Região Norte, o cartola ganhou o cargo pela Região Sudeste. O também vice Delfim de Pádua Peixoto Filho, opositor de Del Nero, apontou que teria ocorrido uma "jogada política" para tirá-lo da linha sucessória. Meses depois, ele morreu no acidente aéreo da Chapecoense.

No pleito, o coronel teve apoio de 44 das 67 federações estaduais e clubes das séries A e B aptos para votar. Houve três votos contra, três em branco e cinco abstenções.

Sem sair do Brasil

Yasuyochi Chiba/AFP
Del Nero não sai do Brasil desde maio de 2015. No país, ele não é acusado de nenhum crime. A Fifa, porém, decidiu reabrir a investigação a respeito do presidente da CBF após depoimentos ligarem o nome dele a subornos para beneficiar empresas de marketing esportivo em contratos relacionados a Copa América, Copa Libertadores e Copa do Brasil. Os promotores nos Estados Unidos afirmam que o dirigente recebeu US$ 6,5 milhões. Del Nero nega as acusações. 

Nos últimos dias, a partir do momento em que o cerco a ele se fechou, o presidente da CBF havia admitido pela primeira vez, a dirigentes próximos, a possibilidade de deixar o comando da entidade.

Ao menos por enquanto, a próxima eleição na CBF está prevista para abril de 2018. No entanto, a posse da chapa vencedora só será feita em abril de 2019, quando se encerrará o mandato da diretoria atual. Del Nero tinha pretensão de concorrer à reeleição.

CB