Base e oposição passam a ver Temer na disputa


Ainda amargando índices de popularidade de um dígito, o emedebista de 77 anos ouve incentivos de seus aliados para entrar na corrida eleitoral ( Foto: Agência Brasil )

Brasília. Enquanto tenta despistar suas intenções de vir a disputar a reeleição, o presidente Michel Temer (MDB-SP) começa a fazer movimentos na construção de sua candidatura com ações típicas de quem terá o nome nas urnas em outubro.

O Palácio do Planalto está pedindo a todos os ministérios uma relação completa de realizações, possíveis inaugurações e anúncios de balanços positivos para que o presidente possa "faturar" com as ações.

O governo iniciou também uma campanha publicitária para dizer que "vai tirar o Rio de Janeiro das mãos da violência", embora a intervenção federal na Segurança Pública do estado mal tenha começado.

Após reunião da Executiva do PMDB que o reconduziu, ontem, à presidência do partido, Romero Jucá deixou a discrição de lado e afirmou que Temer é um nome para a eleição presidencial. "Temer é uma opção do MDB, se ele assim o entender. O partido defende candidatura própria. Agora, se será ou não Temer, o tempo e a própria decisão dele vão definir".

De acordo com aliados, Temer vem notando que muitos ministros fazem agendas próprias ou voltadas apenas para os seus próprios partidos. Com isso, chegam até a tentar excluir o presidente de eventos para concentrarem os holofotes em si. O drible também tem a intenção de evitar o contágio da alta rejeição de Temer, especialmente em estados do Norte e do Nordeste.

Por enquanto, estão sendo costuradas visitas a São Paulo, Minas Gerais, Piauí e Pará. Neste último, Temer participará de uma cerimônia para regularização fundiária. Simbolicamente, vai contar a centenas de paraenses que as casas e terras que eles temem perder por falta de documentação estarão salvas.

A ação na Segurança Pública no Rio é vista como um ponto de virada. O próprio marqueteiro de Temer afirmou que ele jogou "todas as fichas" na intervenção. Durante uma viagem de volta do Rio, Temer compartilhou com alguns ministros que sua ideia é "acompanhar de perto" o trabalho das forças federais.

Disse ainda que, se for possível, quer ir semanalmente conferir a ação in loco. Na campanha publicitária iniciada pelo Planalto, o mote é "o governo que está tirando o País da maior recessão da sua história, agora vai tirar o Rio de Janeiro das mãos da violência". Tanto aliados quanto adversários passaram a reconhecer Temer como um potencial candidato. Não só por estar no cargo e dispor da máquina federal, mas também por comandar o MDB, que possui uma forte estrutura partidária. A aprovação presidencial, porém, ainda é muito baixa, de menos de um dígito nas pesquisas.

Lula

As movimentações de Temer foram observadas pelos demais pré-candidatos à Presidência. Lula disse acreditar que a intervenção no Rio é um sinal de que Temer quer disputar.

"Acho que o Temer está encontrando um jeito de ser candidato a presidente da República. E eu acredito que ele achou que a segurança pública pode ser uma coisa muito importante para pegar um nicho de eleitores do Bolsonaro", disse o petista.

Em vídeo, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) afirmou que "Temer já roubou muita coisa aqui, mas o meu discurso não vai roubar, não". O presidente do PSDB e governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, outro possível rival, afirmou que Temer tem o direito de ser candidato

Uma das pessoas mais próximas do presidente, o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral) é apontado no Planalto como o futuro coordenador de uma eventual campanha à reeleição. Um dos articuladores da intervenção, foi ele quem fez relatos a Temer sobre a situação de descontrole na segurança fluminense. Escalado por Temer, esteve no Rio para falar com Luiz Fernando Pezão e levou o governador a Brasília para a reunião com Temer que definiu a medida na semana passada.

DN