Santana do Acaraú: Ossos são achados às margens do Acaraú




Segundo moradores da área, o amontoado se espalha por uma pequena área, onde há ossadas velhas e restos mais recentes, cercado, constantemente, por urubus atraídos pelo odor forte ( Foto: MANOEL ROSA FILHO )

Santana do Acaraú. A imagem chama a atenção. O depósito de ossos, à margem direita do Rio Acaraú, fica nas proximidades da Rua Fortaleza, no bairro São João, periferia deste Município do Norte do Estado. Segundo os moradores que encontraram o material, o amontoado de ossos de animais se espalha por uma pequena área, onde há ossadas velhas e restos mais recentes. O local é cercado, constantemente, por urubus atraídos pelo odor forte.

Segundo um morador próximo, que prefere não ter seu nome revelado, diz que foi ao rio para se refrescar, já que, aos poucos, as águas do Acaraú começam a correr, como resultado das chuvas de pré-estação que ocorrem no Ceará.

Há anos, o abate de animais no Município tem sido um mistério, reclamam alguns. O Município está sem matadouro público desde 2012, quando a Justiça interditou o equipamento por falta de condições físicas para o abate dos animais. Desde então, não há um controle efetivo sobre os animais de pequeno ou grande porte abatidos para consumo. Acredita-se que, grande parte da carne comercializada nos frigoríficos e mercados locais seja de moita, aquela em que o animal é morto clandestinamente e sem o mínimo controle sanitário necessário à manipulação, transporte e comercialização.

O descarte das ossadas em área inapropriada tem sido debatido nas rádios locais e nas redes sociais. "Isso gera um grave problema de saúde pública. As autoridades precisam tomar providências urgentes, pois essa descoberta mostra que estamos consumindo carne de procedência duvidosa", reclama o jornalista Manoel Rosa Filho, que registrou as imagens ao visitar o local.

A situação de Santana do Acaraú, no que se refere ao abate clandestino de bovinos, não é diferente de outros municípios. Segundo a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri), 52 unidades de abate se encontram interditadas, a maioria delas, por ações movidas pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE).

O levantamento feito pela Adagri sobre os matadouros públicos cearenses apontou o fechamento de cerca de 30% deles, além da preocupação com o aumento do abate clandestino. O assunto foi mostrado na edição do dia 26 de janeiro, no caderno Regional do Diário do Nordeste, que mostrou, ainda, que poucos municípios possuem Serviço de Inspeção Municipal (SIM), apenas 11, sendo nove deles na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e dois no Interior, em Morada Nova e Iguatu.

Ao tomar conhecimento da situação, por meio das redes sociais, a coordenadora da Vigilância Sanitária de Santana do Acaraú, Ana Maria Anselmo, disse não ter recebido nenhuma reclamação formal. Ela informou, ainda, que o prefeito, Marcelo Arcanjo, estaria ciente do problema, e buscando solução. Procurado pela equipe de reportagem, o prefeito não atendeu ao telefone e nem respondeu as mensagens enviadas. O secretário Municipal de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente do Município, Francisco Arlene Farias, também foi procurado, mas não respondeu, até o fechamento desta reportagem.

DN