Distribuidoras de combustíveis são fechadas




O movimento da paralisação dos caminhoneiros continua ganhando força em todo o Brasil, inclusive no Ceará. O dia de ontem (24), foi marcado por bloqueios em diversos municípios do Interior e em pontos estratégicos da Capital, com destaque aos centros de distribuição de combustíveis, no Mucuripe. Desde cerca de 8 horas, os motoristas fecharam os acessos de entrada e saída dos caminhões-tanque ao parque de tacanagem.

Conforme um representante do movimento, cerca de 500 motoristas compareceram ao bloqueio no decorrer do dia, com a maior parte deles tendo alternado horários, indo para casa e voltando depois de algumas horas. Trata-se do quarto dia de paralisação da categoria, que tem alcance nacional.

Francisco Sales é motorista autônomo de caminhão já há 20 anos e conta que ainda não havia visto uma movimentação do modo como está sendo feita atualmente na categoria. Segundo ele, que estava presente na paralisação do Mucuripe, o preço do combustível inviabiliza a continuidade do trabalho desses profissionais. “Não dá. Com o óleo diesel, não está sobrando nada para o caminhão, o que o caminhão ganha estamos botando de óleo. Aí o caminhão fica acabado”, diz ele.

Reivindicando
A paralisação iniciou na última segunda-feira (21), como iniciativa dos caminhoneiros autônomos, mas passou a abranger empresas transportadoras na quarta-feira. Conforme o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, isso fez com que o número de profissionais que aderiram chegasse a mais de 1 milhão.
Além da baixa dos preços dos combustíveis (particularmente do óleo diesel), os motoristas reivindicam que não sejam retirados direitos da categoria, por meio da revisão do Marco Regulatório do Transporte Rodoviário de Cargas, que poderá ser modificado, em breve, pelo Congresso Nacional.
A movimentação deve continuar com ainda mais força durante o dia de hoje, conforme informou um caminhoneiro presente em um dos bloqueios. Ele conta que, a partir das 15 horas, o quilômetro 18 da BR-116 terá bloqueio total, em vez de parcial, como vinha sendo feito nos últimos dias. Isso significa que serão impedidos de passar inclusive carros e motocicletas.

Ceará
Além da Capital, foi ocupado também um ponto estratégico em cidade do Crato, no Cariri, onde a entrada da base de distribuição da Petrobras local ficou fechada. O local, que recebe combustíveis de vários terminais em diferentes estados do Nordeste, ficou inacessível para os veículos que fazem a distribuição de combustíveis nos municípios da região devido a dois caminhões estacionados imediatamente em frente ao portão.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), até o início da noite de ontem foram contabilizados 12 bloqueios feitos pelos caminhoneiros em todo o Estado. Na BR-116, foram feitos bloqueios nos quilômetros 15, 18 (Eusébio), 70 (Chorozinho), 168 (Russas), 215 (Tabuleiro do Norte), 250 (Alto Santo), 500 (Brejo Santo) e 545 (Penaforte). Na BR-222, houve bloqueios nos quilômetros 249 (Sobral) e 334 (Tianguá). Por fim, foram bloqueados ainda trechos no quilômetro 47 da BR-304 (Aracati) e no quilômetro 308 da BR-020 (Canindé).

Transporte individual
Os motoristas de transporte individual privado, mais conhecidos como motoristas de aplicativos, aderiram ao movimento ontem quinta-feira, reforçando o volume de veículos e motoristas presentes aos bloqueios na cidade. Na concentração que ocorreu no Mucuripe, nos centros de distribuição de combustíveis, grande parte dos motoristas eram dessa categoria profissional.

Segundo Antônio Evangelista, presidente da Associação dos Motoristas Privados Individuais de Passageiros do Ceará (Ampip-CE), a decisão da categoria por aderir se deu pelas dificuldades que a alta dos combustíveis impõem a esses trabalhadores, de modo similar a como acontece com os motoristas autônomos de caminhões. “Está ficando inviável ter que trabalhar rodando e ter combustível, porque com o que lucramos estamos tirando de casa, do alimento, para pôr combustível no carro. Então, hoje está muito difícil trabalhar com transporte em geral”, explica.

A decisão, segundo ele, foi tomada a nível nacional pela federação que representa a categoria, que orientou as associações locais que se mantenham nas paralisações até que se obtenha resposta positiva. “O que queremos não é uma baixa de 10 centavos, 20 centavos, 10% ou 20%, é uma baixa que a gente olhe e diga ‘isso é o que o Brasil precisa, combustível barato, para que a gente possa ter condição melhor de vida’”, conta ele. Evangelista lembra que o preço do combustível impacta em diversos outros setores da sociedade, chegando até ao fornecimento de alimentos.

Os motoristas de aplicativos bloquearam ainda a Avenida Senador Carlos Jereissati (do Aeroporto), que dá acesso ao Aeroporto Pinto Martins, desde às 10 horas. Conforme o BPRE, os dois sentidos da avenida se encontravam fechados pelo movimento, com a interdição tendo sido total.