Sem Lula. Marina e Ciro disputam vaga para segundo turno



Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes(PDT) aparecem com chance de derrotar Jair Bolsonaro (PSL) em simulações do Datafolha para o segundo turno ( Fotos: AFP )

São Paulo. Pesquisa Datafolha realizada na semana passada e divulgada, ontem, apontou que, dois meses depois da prisão de Lula, o petista registra 30% das intenções de voto para o primeiro turno da corrida presidencial, seguido por Jair Bolsonaro (17%), Marina Silva (10%), Ciro Gomes (6%) e Geraldo Alckmin (6%). O instituto fez também simulações para o segundo turno, sem considerar o ex-presidente na disputa, já que a candidatura de Lula corre o risco de ser impedida pela Justiça eleitoral entre agosto e setembro devido à condenação por corrupção e à Lei da Ficha Limpa. Em cenários sem o PT na cabeça de chapa, levam vantagem no segundo turno Marina e Ciro, que chegam a derrotar Bolsonaro.

A única simulação em que Ciro ficaria atrás no segundo turno é contra Marina, que teria 41%, ante 29% do ex-ministro. Marina aparece na frente também com 42% ante Bolsonaro (32%) e contra Alckmin (27%).

Apesar da incerteza que paira sobre a confirmação da candidatura de Lula, a direção do PT comemorou o resultado da pesquisa. "O Brasil já sabe que vai ser feliz de novo. Lula, além de ser líder isolado, vence em todos os cenários", tuitou o partido.

O cientista político da Tendências Consultoria, Rafael Cortez, analisou os dados. Na opinião do especialista da Tendências, o crescimento de Ciro nas intenções de voto está condicionado ao apoio do PT. "O partido está adotando uma estratégia que tem risco elevado, de manter as apostas em Lula, mas para o mercado ainda há uma expectativa de que os petistas declarem apoio ao Ciro como o candidato da esquerda", observou Cortez.

Já o Palácio do Planalto decidiu não se manifestar sobre o dado captado pelo Datafolha de que 82% dos brasileiros consideram o governo de Michel Temer péssimo ou ruim. O índice torna Temer o presidente mais impopular da história, no período pós redemocratização, batendo seu próprio recorde de reprovação.



Repercussão

Em nota, Marina comentou a pesquisa e chamou atenção para os eleitores que não se definiram. "Temos ainda que buscar formas de dialogar com os cerca de 30% de eleitores que poderiam votar em branco, nulo, em ninguém ou ainda não sabem em quem irão votar", afirmou.

Já Bolsonaro atacou o levantamento. "Datafolha, continuas pagando vexame. E, com toda certeza, recebendo algo de muito bom de seus patrocinadores", acusou o parlamentar.

Por sua vez, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) admitiu que o PT poderá não ter Lula na disputa, e o líder petista poderá apoiar um candidato.

"Não tem jeito. O segundo turno vai ser entre Lula ou um candidato apoiado por ele e Bolsonaro", disse Farias.

No pelotão com intenção de voto entre 1% e 2% estão Manuela D'Ávila (PCdoB) e Rodrigo Maia (DEM). Os demais pré-candidatos tiveram 1% ou menos. Votos brancos, nulos e indecisos bateram em 34%, o maior patamar já registrado pelo instituto.

DN