Indefinição no PT sobre coligação proporcional






Presidente do PT estadual, o deputado Moisés Braz disse, ontem, que uma ala do partido tenta "convencer os companheiros" a formar coligação ( Foto: Helene Santos )


No momento em que, com a proximidade das convenções partidárias, afunilam-se as definições de alianças para o pleito deste ano, o PT ainda não decidiu se disputará sozinho a eleição para deputado federal e estadual ou se formará uma coligação proporcional com outros partidos da base aliada do governador Camilo Santana. Em entrevista, ontem, durante encontro de pré-candidatos do partido em Fortaleza, porém, o presidente em exercício da agremiação no Ceará, deputado estadual Moisés Braz, afirmou que, se o Encontro de Tática Eleitoral do PT, marcado para o próximo dia 28, tivesse sido ontem, ele não teria "nenhuma dúvida que passava a chapa própria ainda".

Na tarde de hoje, dirigentes e parlamentares petistas, assim como o secretário geral do PT Nacional, Romênio Pereira, têm uma audiência com o governador no Palácio da Abolição, onde serão discutidos, conforme informaram quadros do partido, a conjuntura política nacional e o cenário eleitoral no Ceará. Amanhã, Camilo tem reunião com os pré-candidatos da base aliada.

Segundo Moisés Braz, o encontro de ontem, realizado em um hotel no Bairro de Fátima, reuniu 31 pré-candidatos a deputado estadual e outros 13 a deputado federal. Toda a bancada petista na Assembleia Legislativa esteve presente - os deputados Rachel Marques, Dedé Teixeira e Elmano de Freitas, além do próprio Moisés - e dois dos três deputados federais do Estado também - José Guimarães e José Airton Cirilo. Luizianne Lins não compareceu, mas realizou com seu grupo, na noite de ontem, na sede do Sindicato dos Comerciários, a plenária "Lula Livre - Quero PT no Senado", em defesa da manutenção da vaga da sigla na Câmara Alta.

No encontro de pré-candidatos, as discussões ocorreram a portas fechadas para a imprensa, mas, de acordo com Moisés Braz, estavam em discussão a distribuição das vagas na chapa majoritária do governador e o fortalecimento das bancadas do PT na Assembleia e na Câmara. Para isso, ele informou que há uma ala do partido que tenta "convencer os companheiros de que precisamos buscar um bloco de partidos", mas reconheceu que a tese de chapa pura, defendida em resolução da sigla, tem maior força entre os filiados.

Convencimento

"O PT está debatendo e as falas dos companheiros ainda continuam reafirmando que, para nós, do Partido dos Trabalhadores, contando os votos que tivemos na outra eleição, pegando esse parâmetro, é muito mais importante a gente ter chapa pura", afirmou. O dirigente lembrou que, em 2014, quando o PT obteve 400 mil votos, poderiam ter sido eleitos quatro deputados estaduais, mas, em coligação, o partido garantiu apenas duas vagas - ocupadas por ele próprio e Elmano de Freitas.

Por outro lado, Moisés Braz expôs que uma ala do partido argumenta que "o PT não pode cair no isolamento". "Eu fui procurado, e quero colocar isso com muita franqueza, pelo PMDB, por intermédio do Danniel Oliveira, pelo PR, da Dra. Silvana, pelo PSB, do Audic Mota, pelo PV, e temos conversado muito com o PV, e fui procurar o PCdoB para que a gente possa fazer uma coligação com um bloco de partidos, porque acho que há espaço para a gente juntar alguns partidos", destacou. Apesar disso, o dirigente disse que "se nós estivéssemos agora no Encontro de Tática Eleitoral, não tenho nenhuma dúvida que passava a chapa própria ainda".

Moisés Braz também garantiu que o PT continuará reivindicando a vaga que tem no Senado. Embora esta não seja um "condicionante prioritário" nas negociações, ele disse que a sigla não abrirá mão do espaço na chapa "para que o PDT indique duas vagas". Já José Airton Cirilo afirmou que há dois movimentos no partido em relação a isso: um quer a manutenção da vaga de senador; o outro entende que, "para consolidar o nome do governador, o PT teria que abrir mão dessa chapa". Segundo ele, porém, "esse debate ainda não aconteceu no PT".

Definição

José Guimarães, por sua vez, ressaltou que o PT nacional tem três prioridades: a campanha presidencial do ex-presidente Lula, a eleição de ao menos 70 deputados federais e de governadores, senadores e deputados estaduais. Ele disse que "outras questões vão se adequando a esses três postulados" e não descartou coligação proporcional.

"Eu conversei longamente com o Cid (Gomes, do PDT) na sexta-feira (13) sobre essas questões proporcionais. Portanto, nós temos conversado com o PP, com o PV, com o PCdoB, temos conversado com todo mundo", citou. Para Guimarães, contudo, "cada partido vai discutir o que é prioridade para si" e as definições só devem vir à tona "na véspera" do fim do prazo de oficialização de coligações.

José Airton também ponderou que o PT trabalha para ir sozinho para a disputa proporcional "se for necessário", mas explicou que o partido ainda terá "uma discussão mais afunilada com o governador e com os outros partidos" sobre eventual coligação. "Como nós estamos em uma coligação e apoiamos o governador que tem uma chapa mais ampla, é natural que haja uma aliança com outros partidos, que a gente possa compor na chapa proporcional de forma a fortalecer também essa chapa proporcional", admitiu.

DN