Bolsonaro barra jornais em primeira entrevista coletiva





Na primeira entrevista coletiva de Jair Bolsonaro (PSL) como presidente eleito, foram selecionados os veículos que poderiam participar. A Folha de S.Paulo ficou de fora da lista de autorizados. Bolsonaro recebeu a imprensa na tarde dessa quinta-feira (1º) em sua casa, no condomínio Vivendas da Barra, zona Oeste do Rio. Foram autorizados a entrar no local representantes de nove veículos: TV Globo, GloboNews, Band, Jovem Pan, Reuters, SBT, Record TV, UOL, Rede TV! e G1.
A reportagem da Folha de S.Paulo, junto de outros veículos, como O Estado de S. Paulo, O Globo, Valor Econômico, CBN e EBC, não entrou. Na portaria, uma policial federal identificada apenas como Patrícia chamou os nomes que estavam numa lista previamente organizada.
Questionada pela reportagem, ela não soube dizer por que a Folha de S.Paulo não constava na lista. “Autorização é de dentro para fora”, limitou-se a dizer. Ela afirmou que tentaria incluir o nome dos veículos que haviam sido barrados e, ao final, alegou limitação de espaço.
Bolsonaro recebeu um grupo de 21 jornalistas e, em alguns casos, um mesmo veículo estava representado por mais de um profissional. O UOL, empresa do Grupo Folha, tinha dois repórteres. Uma foto mostrada à reportagem revela a existência de espaço livre no local onde a entrevista foi concedida.
Quando o capitão reformado ainda estava em campanha, a Folha presenciou a entrada de grupos grandes, como representantes da indústria, ruralistas e parlamentares da bancada da bala. Ativo nas redes sociais, Bolsonaro não conta com uma assessoria de imprensa e, portanto, as entrevistas concedidas por ele são avisadas de última hora, muitas vezes por outros jornalistas.

Retorno
Neste caso, a reportagem soube da possibilidade desta entrevista coletiva e fez o primeiro contato com Tércio Arnaud, assessor do gabinete do filho de Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), e não obteve retorno. Arnaud não atendeu as ligações nem respondeu aos pedidos para inclusão na lista de autorizados.
A primeira tentativa de credenciamento ocorreu por volta das 14h. Após ligações não terem sido atendidas, foram registradas mensagens via WhatsApp. Após a entrevista, o assessor respondeu. Alegou que a restrição foi necessária por causa do espaço físico do local. “Tem a questão de a segurança PF não dar conta de revistar e fazer a segurança exata com tantos repórteres”, disse.