Preço de remédios deve pesar ainda mais a partir de abril




Os gastos com a compra de medicamentos, uma das principais despesas para os cuidados com a saúde entre as famílias brasileiras, vai pesar ainda mais no bolso da população a partir de abril, quando os preços forem reajustados após definição da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, por determinação da Lei 10.742/2003. O aumento no valor de venda dos remédios, por estimativa da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), pode ser de até 4,46%.

De acordo com o presidente da PBMA – Associação Brasileira das Empresas Operadoras de PBM, Luiz Monteiro, “infelizmente, o aumento vai agravar ainda mais a dificuldade de quem não consegue seguir o tratamento medicamentoso prescrito por um especialista por falta de condições em custeá-lo, e poderá gerar o mesmo problema para quem já o faz com algum sacrifício”.

Impactos
Estima-se que cerca de 50% das pessoas que iniciam um tratamento de saúde o abandonam por falta de acesso ao medicamento prescrito. “E de muitas que seguem, uma boa parte acaba se endividando por isso”, diz o presidente da entidade. É o que mostra uma pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), publicada no ano passado.
Os números divulgados apontaram que, em 2017, despesas não pagas relacionadas aos cuidados com a saúde colocaram 25,3% dos brasileiros na lista de negativados. E que o gasto médio mensal de quem faz uso de remédios contínuos ou periódicos é de R$ 138,32. “A interrupção do tratamento acaba gerando ainda mais despesas ao paciente, já que os problemas com a saúde se agravam e, invariavelmente, é necessário a realização de novos exames e até mesmo de novas internações”, completa Monteiro.

PBM
Ele explica que, com o Programa de Benefícios em Medicamentos (PBM), as pessoas têm mais chances de seguir o tratamento, já que o subsídio oferecido por empresas facilita o acesso da população ao medicamento. “O subsídio pode variar de acordo com o plano escolhido pelas empresas, mas há casos em que pode ser de até 100% do valor”, relata o presidente da PBMA. O conceito de PBM já existe no mercado americano desde 1980 e atualmente perto de 80% da população aviam suas receitas médicas pelo sistema. Aqui no País o conceito chegou a partir de 1990. Hoje, no Brasil, funcionários de empresas como Telefônica Brasil, IBM, Caterpillar, Unilever, Arcelor Mital, Carrefour, Nestlé, Gerdau e Tigre, entre outras, já subsidiam medicamentos para seus funcionários. “O plano também pode ser estendido a familiares”, complementa o Luiz.

Dados levantados pela associação mostram que cerca de 110 milhões de unidades (caixas) de remédio foram distribuídas no país, em 2018, por meio do PBM. Para 2019, a instituição prevê um crescimento em torno de 15%, ou seja, que aproximadamente 125 milhões de unidades sejam dispensadas. “Com a popularização do conceito do programa e a retomada da confiança no mercado, a expectativa é que cresça o número de empresas que ofereçam PBM e, assim, um número maior de empregados e colaboradores contemplados”. Entre as vantagens para as empresas que oferecem PBM a seus funcionários está a gestão do tratamento medicamentoso e a subsequente melhora da saúde populacional, queda do absenteísmo e, consequentemente, maior produtividade. “E a empresa escolhe qual o plano mais adequado para ela e seus funcionários”, conclui o presidente.

O Estado