Botijão de Gás ficou 73% mais caro em cinco anos, no Ceará




VALOR do botijão de 13 kg continua a encarecer no Ceará, conforme dados ANP

O preço do Gás Liquefeito de Petróleo em botijão de 13 kg (GLP-13) aumentou 73% desde 2014, no Ceará. A média nacional, em igual período (junho/14 a junho/19), chegou a 62% de alta. Nos primeiros seis meses do ano, o Estado já tem crescimento acumulado de 2% no valor, também acima do País (0,13%).

Para tentar baixar os preços, a equipe econômica do Governo Federal avança nas avaliações de como agir e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) anuncia plano para diversificar a oferta no mercado. Em paralelo, a Petrobras mudou a política de precificação do gás.

A iniciativa da petroleira deixa a variação parecida com o que acontece com o GLP comercial e industrial, que muda conforme o custo de importação, além da cotação do dólar e do valor do gás no mercado internacional. Acontece que isso pode fazer com que o preço aumente para o consumidor final.

No último dia 3, a Petrobras anunciou ainda a redução de 8,17% no preço do GLP, a vigorar a partir da última segunda-feira, 5. A expectativa era que a queda pudesse chegar a até 12% para os consumidores finais.

Mas, no Ceará, o valor do gás de cozinha apenas aumenta. No primeiro semestre deste ano, encerrou cotado a R$ 73,94, enquanto em igual período do ano passado estava a R$ 70,30. Diferença de 5,1% e acima da inflação no período.

Já entre 21 e 27 de julho, o preço médio do GLP no Ceará sofreu uma leve variação negativa de 0,29% no mês. Porém, em doze meses, ficou 1,84% maior, sendo comercializado por R$ 72,77 nas revendas. O valor médio nacional no período, segundo a ANP, foi de R$ 68,95.

Apesar de alta nas revendedoras, o preço nas distribuidoras caiu. Ao fim do mês de julho o valor foi fixado em R$ 52,20, queda de 0,95% no mês e 0,41% em dozes meses.

Para reverter este quadro em todo o País, a principal iniciativa que o Governo Federal deve colocar em prática nos próximos meses é o fim da concentração de mercado da Petrobras quanto ao GLP nos botijões de 13 kg. A medida está presente em estudo divulgado pelo Ministério da Economia.

Segundo o professor do Departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB), José Carneiro da Cunha Oliveira Neto, essa é a ação mais importante a ser tomada neste momento para redução de preços.

Para ele, a empresa historicamente explora o mercado de forma explícita, praticando preços para obter lucros excepcionais, ou de forma implícita, mas não sabemos com qual grau de produtividade ela processa e prospecta essas commodities.

"Não temos muita experiência quanto à concorrência nesse mercado, mas, internacionalmente, em que já foi feita essa abertura, houve impacto de redução de preços e melhoria da qualidade", afirma.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, acredita que com as medidas o preço do gás de cozinha possa cair em até 40% em dois anos. De acordo com professor da UnB, a declaração de Guedes pode indicar que a Petrobras pratica um overpricing (superfaturamento) nesse percentual, o que "prejudica principalmente os mais pobres".

Já o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE), Luis Eduardo Barros, acredita que "a quebra do monopólio beneficiará o consumidor".

Barros acrescenta que o documento do Ministério também pede ao Conselho Nacional de Política Econômica (CNPE) que recomende à ANP um posicionamento sobre a liberação da venda fracionada de gás de cozinha e o enchimento de um mesmo botijão por diferentes marcas.

Para ele, fraudes podem ocorrer. "A venda de botijões com carga parcial abre margem para que pessoas anunciem a venda de 10 kg, mas que na verdade só entreguem 8 kg para o consumidor. Ainda hoje compramos botijões de 13 kg, mas não sabemos se esse é o real peso".

Outro ponto a ser analisado, conforme o doutor em Química e Mineralogia pela Universidade de Leipzig, na Alemanha, e professor do curso de Engenharia Química da Universidade Federal do Ceará (UFC), Moisés Bastos, é que além de proporcionar a concorrência de mercado, uma menor regulação estatal deve ficar prescrita, "impedindo também que o Governo escolha quem deve ou não entrar nesse mercado, que seja livre".


Monitoramento

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) assinou decreto que criou o Comitê de Monitoramento da Abertura do Mercado de Gás Natural (CMGN). O intuito é estimular a competição no setor, reduzindo o poder da Petrobras, que hoje controla a produção e a distribuição de gás natural.




Restrições

O Conselho Nacional de Política Econômica (CNPE) também deve decidir em breve sobre o fim da política de preços diferenciados e restrições de mercado para os botijões de 13 kg.