" O Brasil está sem rumo", afirma Haddad no Ceará






“O Brasil está sem rumo, e o papel do PT é mobilizar a sociedade”. A frase é do professor, ex-prefeito e ex-candidato a presidente Fernando Haddad. Em entrevista coletiva concedida na tarde desta sexta-feira, 30/8, no Hotel Sonata, em Fortaleza, Haddad avaliou os oito meses de governo Bolsonaro. Ele participa à noite de ato da caravana #LulaLivre em defesa da Amazônia, da cultura e dos direitos na praça da Gentilândia

Ao percorrer o Brasil com a caravana #LulaLivre, Haddad afirma que o objetivo também é protestar contra a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conversar com as pessoas sobre o que está acontecendo no Brasil e “preparar o país para um novo projeto de desenvolvimento que esse governo não representa”.

“Não estamos pedindo favor. Estamos pedindo justiça. esperamos que o STF declare essa sentença nula, que o Lula receba um julgamento justo, que nós temos certeza que vai absolvê-lo de uma denúncia que não faz o menor sentido. Uma pessoa que foi presidente 8 anos, saiu com 80% de aprovação não teve nenhum envolvimento em nada com 50 anos de vida pública iria abrir mão de tudo isso em troca de um apartamento? Chega a ser surreal a situação que o Lula se encontra”, considera.

Segundo Haddad, na condição de principal partido de oposição ao governo Bolsonaro, o PT tem apresentado propostas alternativas para melhorar o ambiente brasileiro. “Semanas atrás estive em Brasília lançando um programa geração de empregos. Tema sobre o qual o presidente do país não emite nenhum juízo de alento às famílias desempregadas”, disse.

“Meu mote de campanha foi um livro na mão e carteira de trabalho na outra. O governo não fala nem com um livro na mão nem uma carteira na outra. Aquilo que é essencial, comida na mesa, trabalho e educação não fazem parte da pauta do Bolsonaro. Uma nação sem educação tem futuro comprometido, e Bolsonaro não fala de nenhum desses assuntos”, avalia

Meio ambiente

Ao comentar o panorama do meio ambiente no país com a crise do desmatamento e das queimadas na Amazônia, Haddad afirma que o descompromisso do presidente Bolsonaro com a questão não é de hoje. “A primeira declaração que ouvi do Bolsonaro sobre a Amazônia foi de que os americanos estavam corretos porque lá eles eliminaram os índios. Ou seja: Bolsonaro é a favor do genocídio indígena desde os anos 90”, destacou.

“Ano passado, antes das eleições, ele chegou a dizer que não tinha condições de tomar conta da Amazônia, que ia entregar para os americanos uma parte da soberania nacional. Isso não é fake news, os jornais estrangeiros estão fazendo inventário sobre as frases perversas do bolsonaro sobre indígenas, mata, mineração e demarcações. Tem para todo gosto”.

Haddad relembrou declarações mais recentes do atual presidente para dizer que elas podem ter consequências ainda maiores. “Isso está escandalizando o mundo que está tomando ciência agora do ‘pensamento’ do Bolsonaro e a comunidade internacional está fazendo muitas vezes um papel que as forças locais às vezes não estão fazendo. A própria elite não se dá conta dos prejuízos que ele está causando ao próprio agronegócio”, acrescentou. “Daqui a pouco, comprar produto brasileiro vai ser sinônimo de desmatar. Ja imaginou se isso acontece no exterior? E pode acontecer por inabilidade completa de uma pessoa que nao tem o menor senso de responsabilidade”.

Haddad criticou ainda o comportamento do presidente. “Ele fica fazendo essas lives dia de quinta feira, uma mais patética que a outra. Em vez de falar coisas sérias ao mundo, ao invés de fazer papel de estadista, ele faz micagem na rede social. As pessoas assistem como programa de auditório para rir, se entreter, mas estamos falando do chefe do executivo nacional”. Para ele, isso está prejudicando imagem do Brasil no exterior e vai prejudicar a produção nacional. “Estamos colando no made in brazil uma imagem que não corresponde à verdade. Tanto é que nas a reprovação dele vem aumentando, pesquisa após pesquisa”.

Haddad comentou também sobre Educação. “Desde abril que a Educação sofre com os cortes e agressões à autonomia universitária. Fui ministro sete anos, nós nunca, em nenhum momento, ofendemos a autonomia universitária que é princípio constitucional”, falou ao citar o caso da UFC. “Agora aqui toda a comunidade se mobiliza para escolher o reitor e ele desrespeita a escolha da comunidade porque acha – e nem justifica – que o terceiro da lista é melhor que o primeiro. Com que base?”, exemplificou, ao interpretar que o novo reitor poderá ter dificuldade em gerir a UFC tendo em vista a falta de legitimidade a partir da escolha do presidente. “Educação é autonomia, liberdade. Bolsonaro não tem noção disso”, concluiu.