Sob tensão, Câmara de Sobral retoma seus trabalhos com vereador foragido





O vereador de Sobral, Romário Araújo (SD), conhecido como Conselheiro Romário, já está foragido há 10 dias. Ele é acusado de estelionato e crimes contra o patrimônio. Desde que a Justiça decretou a prisão preventiva do parlamentar, em 25 de julho, não há informações sobre o paradeiro dele. Nesta segunda-feira (5), a Câmara Municipal realiza a primeira sessão após o fim do recesso com um vereador a menos, e a oposição promete cobrar a cassação do mandato do suspeito.

Desde fevereiro, Romário é investigado por cobrar dinheiro em troca de supostos empregos públicos. Em abril, denúncia do Ministério Público listava 36 pessoas que compareceram à Delegacia de Sobral para denunciar o crime. Em outro processo, ele é acusado de prometer desconto de 50% em uma faculdade particular de Medicina mediante o pagamento de R$ 20 mil da vítima. O vereador teria recebido, ao todo, quase R$ 30 mil sem cumprir a promessa.

Em abril, uma representação contra Romário Araújo foi rejeitada na Câmara. Na segunda-feira, o advogado que protocolou a primeira denúncia no Legislativo, Lintor Torquato, fará nova representação contra o foragido. "Vamos apresentar uma representação por quebra de decoro parlamentar por parte do vereador. Ele está foragido, ninguém sabe onde ele está. Mais provas serão juntadas, e a gente espera que ele seja cassado".

Romário está afastado da função de vereador desde o começo de julho. Antes do afastamento, ele havia protocolado dois atestados médicos na Câmara, um de 15 dias e, posteriormente, outro de 90 dias. Acima de 30 dias de ausência do trabalho por questão de saúde, cabe ao INSS avaliar o pagamento do Auxílio-doença. Segundo o departamento de Recursos Humanos da Câmara, o salário bruto de R$ 12,3 mil (R$ 9,7 mil com desconto) dos vereadores de Sobral não tem sido pago a ele, desde então.

O presidente da Câmara de Sobral, vereador Carlos do Calisto (PDT), ressaltou que Romário Araújo está afastado das atividades parlamentares e sem remuneração. "O que a Justiça resolver, nós vamos acatar", afirma, sem discutir o futuro do suspeito na Casa.

Oposição

A oposição garante ter novas denúncias contra o vereador. "Além da suposta venda de emprego em Sobral, houve o caso de estelionato na cidade de Granja que atinge o decoro parlamentar", diz Giu Vasconcelos (SD). "Não tem condição de a Justiça fazer a parte dela, e a Câmara não fazer. Isso fica imoral", critica o vereador Zé Vital (MDB).

O suplente de Romário na Câmara, Johnson Lima (SD), entrou na Justiça com pedido para assumir o mandato. A solicitação foi negada na última segunda-feira (29). Na decisão, a Justiça reiterou posicionamento da Câmara de que o Regimento Interno da Casa e a Lei Orgânica do Município não preveem posse do suplente em caso de afastamento por decisão judicial, mas em caso de afastamento por licença.

A reportagem esteve no endereço do vereador registrado na representação por prisão preventiva da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social, no bairro Junco, em Sobral, mas os proprietários do apartamento disseram que há novos moradores no local. Um vizinho que não quis se identificar disse que Romário não é visto no bairro há cerca de quatro meses.

Polícia continua com as buscas

A Polícia Militar tem buscado pistas do vereador, mas o paradeiro dele ainda é um mistério. A prisão preventiva foi decretada após Romário não cumprir medidas judiciais que o obrigavam a comparecer mensalmente à 3ª Vara Criminal da Comarca de Sobral e a pagar fiança de cerca de R$ 100 mil.

“Iniciamos as diligências para tentar localizá-lo em vários endereços em Sobral, inclusive o último que ele tinha como residência e o endereço dos pais dele”, afirma o delegado de Sobral, Márcio Luís de Melo.

(Colaborou Mateus Ferreira)