Covid-19 : 80% dos municípios cearenses estão em nível de alerta alto ou altíssimo


147 municípios cearenses estão em risco alto ou altíssimo para a Covid-19 (Foto: (Reprodução/Plataforma IntegraSUS))

Em avanço acelerado da segunda onda Covid-19, 80% dos municípios cearenses estão em nível de alerta alto ou altíssimo para a doença. São 147 dos 184 municípios nessa situação. As regiões de saúde de Fortaleza, Litoral Leste/Jaguaribe e Cariri estão 100% classificadas em um desses níveis. Isso quer dizer que elas se encontram em um dos dois níveis mais graves de alerta em pelo menos um dos indicadores: incidência de casos por dia por 100 mil habitantes, internações por causas respiratórias, percentual de leitos de UTI Covid-19 ocupados, taxa de letalidade e taxa de positividade de testes RT-PCR.

No Sertão Central, oito municípios estão em situação de risco moderado. Na região de Sobral, são 22 em estado de risco moderado e oito com risco baixo. Os dados se referem às duas últimas semanas epidemiológicas, entre 24 de janeiro e 6 de fevereiro, conforme a plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), obtidos às 17h30min desta segunda-feira, 8.


O município de Fortaleza está em nível de risco alto em três indicadores: incidência de casos por dia por 100 mil habitantes (212,8), internações por causas respiratórias (22,3), percentual de leitos de UTI Covid-19 ocupados (83,7%). A taxa de letalidade está em risco moderado (1,4%) e taxa de positividade de testes RT-PCR em risco baixo (23,4%).



Conforme a epidemiologista Lígia Kerr, professora e pesquisadora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), o cenário da segunda onda é caótico e deve se acentuar. "A situação do Interior pode se agravar pelas menores condições de assistência terciária", diz a médica, que integra o Comitê Científico do Consórcio Nordeste. "É uma população, muitas vezes, pobre, que depende de transporte. Se estiver em uma situação grave, não consegue chegar (até a unidade hospitalar)", alerta.

Ela destaca que as falhas do sistema de saúde observadas na primeira onda não estão sendo cobertas na segunda onda. "Uma das questões importantes da vigilância é testar, acompanhar a pessoa e isolar. Isso não tem sido feito. O nosso sistema de testagem deixa muito a desejar. Não estamos implantando um sistema de rastreio", diz. A vacinação a passos lentos e a nova cepa agravam o cenário. Na tarde desta segunda-feira, três casos da variante de Manaus foram confirmados no Estado.

"Esses casos já estão deixando um rastro de pessoas infectadas. Essa cepa já deve estar aqui há muito tempo circulando", avalia Kerr. Por essa razão, a segunda onda pode ser mais grave, na avaliação da epidemiologista. "Essa cepa é mais dramática, infecta mais as pessoas. Ela tem partes genéticas parecidas com a africana, que vem mostrando redução de eficácia com relação à vacina", explicou.

O POVO 

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