Após operação da PF, aliados pressionam Ciro a desistir de candidatura à presidente da república




Ciro Gomes (foto: Aurelio Alves)


Desde a deflagração da operação da Polícia Federal que investiga suspeita de fraudes nas obras do estádio Castelão, entre 2010 e 2013, e que envolve o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), tem aumentado um movimento entre aliados do pedetista contra sua candidatura a presidente em 2022. A investida foi realizada exatamente no momento em que Ciro aparece estagnado nas pesquisas de intenção de voto, em empate técnico com o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) ou até superado por ele.


Além disso, há um recente clima hostil entre o pré-candidato à Presidência e parte da bancada federal na Câmara. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, ele esteve ausente da festa de confraternização de fim de ano da bancada de deputados federais, realizada em Brasília na noite desta terça-feira (14), na casa do deputado Mario Heringer (MG).

Uma boa parcela da bancada apoia que o PDT abandone a ideia de ter um presidenciável para privilegiar a distribuição das verbas de campanha da legenda para candidatos à Câmara dos Deputados.


Nos bastidores, segundo a Folha, um prazo já foi estipulado para que a candidatura do pedetista atinga os dois dígitos: até março de 2022, com pelo menos 15%. Caso contrário, a sigla pode desfazer acordos para apoiar Ciro, que reúne 5% das intenções de voto, segundo pesquisa do Ipec divulgada nesta terça-feira, 13.

Pedetistas ouvidos pela Folha defendem, inclusive, que o partido integre a tentativa de formação de uma grande federação entre partidos de esquerda, liderada pelo PT de Luiz Inácio Lula da Silva. A informação, segundo o jornal, foi confirmada por integrantes do PT.

Na avaliação do PDT na Câmara, caso fique isolado por causa da candidatura de Ciro, o resultado será um baixo desempenho nas eleições para o Congresso Nacional, onde hoje o partido ocupa 25 cadeiras. Além do interesse eleitoral, parlamentares também consideram suas chances mais expressivas sem Ciro na disputa. Eles avaliam ser forte a consequência de uma operação da PF em uma candidatura presidencial.

O distanciamento de Ciro com a bancada de parlamentares vem desde o mau clima gerado durante a votação da PEC dos Precatórios, no início de novembro. Ele ameaçou retirar o seu nome da disputa caso os deputados do PDT mantivessem o apoio majoritário à medida, prioridade do governo Jair Bolsonaro (PL) para viabilizar o Auxílio Brasil.

Mesmo com as polêmicas em torno da candidatura, integrantes do PDT e de outros partidos de esquerda defendem o viés político na ação da PF. No raciocínio deles, a operação visou beneficiar politicamente a pré-candidatura do deputado federal bolsonarista Capitão Wagner (Pros), adversário de Ciro no Ceará.

O POVO 

Comentários