Covid-19 : estudo aponta "grandes chances " de terceira onda no Ceará antes do Carnaval



Autor Luciano Cesário 
Terceira onda da pandemia pode chegar ao Ceará em meados de fevereiro, segundo o estudo(foto: Fabio Lima)


Com a introdução da variante Ômicron do novo coronavírus e a expectativa de aglomerações durante as festas de fim de ano, o Ceará tem “grandes chances” de enfrentar uma terceira onda da pandemia ainda antes do carnaval de 2022. O alerta consta no informe epidemiológico do Centro de Inteligência em Saúde do Ceará (Cisec), divulgado nesta quinta-feira, 30. O estudo aponta que, embora o Estado esteja em uma situação considerada relativamente confortável, a velocidade de propagação da nova cepa aliada à negligência de parte da população com as medidas de prevenção à doença, representam uma combinação perigosa para um possível novo surto de Covid-19 no território cearense.



O órgão ressalta que, embora o Governo do Estado tenha proibido eventos públicos, a tendência é que as aglomerações aconteçam com maior frequência em espaços fechados, onde a disseminação do vírus pode ocorrer com mais facilidade. “A experiência mostra que apesar do desestímulo à realização de eventos públicos de Réveillon e de Pré-Carnaval e Carnaval, a população organiza eventos privados nos quais aglomerações e comportamentos de risco são muito frequentes”, frisou o documento.


Ainda segundo o Cisec, assim como em 2020, não há previsão de que haja o surgimento de um novo ciclo endêmico da Covid-19 no Ceará nas primeiras semanas de janeiro. Contudo, o prognóstico indica que o possível efeito negativo das comemorações de fim de ano seja percebido em meados de fevereiro, poucos dias antes do período carnavalesco, que vai do dia 25 até 1º de março. O cenário é atribuído, principalmente, à possibilidade de alta disseminação da Ômicron, já detectada em três viajantes que desembarcaram no Aeroporto Internacional de Fortaleza.

O governador Camilo Santana alertou nesta quinta-feira, 30, durante transmissão ao vivo nas redes sociais, que já há indícios de transmissão comunitária da nova variante no Ceará. "As informações dos especialistas mostram que o nível de propagação dela [variante Ômicron] é muito alto, portanto é preciso dobrar os cuidados neste final de ano, nas festas e comemorações", disse Camilo, ao lado do secretário da Saúde, Marcos Gadelha.





Em relação ao cenário epidemiológico atual, o levantamento mostra predomínio de situação estável nos 184 municípios cearenses. Os registros de novos casos e de óbitos em decorrência da Covid-19 permanecem abaixo da média endêmica, aquela observada durante o intervalo entre a primeira e a segunda onda da doença no Estado.


Entre 25 e 29 de dezembro, o Ceará acumulou média móvel de 45,8 novos registros diários de contaminações. Foi o menor índice para um intervalo de cinco dias desde o começo da pandemia, conforme ilustram gráficos disponibilizados no estudo. No mesmo período, duas mortes foram registradas. Atualmente, a taxa de letalidade, que mede a proporção de óbitos para o universo total de contaminados, é de 0,6%.


Apesar dos baixos indicadores a nível estadual, o estudo do Cisec faz um alerta sobre a escalada de atendimentos relacionados a problemas respiratórios nas unidades de assistência à Saúde de Fortaleza. “No momento a maior parte da procura está relacionada à Influenza H3N2, a exemplo do que ocorre em outros estados do Brasil, mas já há inúmeros relatos não oficiais que apontam para uma exacerbação no número de casos de Covid-19 nos extratos sociais de alta renda da Fortaleza”, observa, embora não apresente números específicos da Capital.

Considerando todos os municípios do Estado, nos últimos 15 dias, a média diária de atendimentos a pacientes com sintomas de Covid-19 nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) ficou acima de mil, o dobro do acumulado registrado durante o mês de novembro. Até a noite desta quinta-feira, 30, a taxa de internação nos leitos de UTI estava em 45,71%, um pouco acima daquela registrada há sete dias (39,25%). No mesmo intervalo, também houve acréscimo na ocupação das vagas de enfermaria, indo de 21,32% para 38,81%.

O POVO

Comentários