Auxílio Brasil de R$ 600 aprovado em PEC eleitoral não compra nem uma cesta básica




A inflação alta no período corroeu o poder de compra da população Foto: Fábio Rossi / Agência O Globo
Gabriel Shinohara



BRASÍLIA — O aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 aprovado nesta quinta-feira (dia 30) pelo Senado não deve ter o mesmo efeito para as famílias como teve o auxílio emergencial pago no início da pandemia. Apesar de ser de mesmo valor, a inflação nesse período foi historicamente alta e deteriorou o poder de compra da população.

O pagamento do auxílio emergencial para tratar dos efeitos da pandemia começou em abril de 2020 e era no valor de R$ 600. Corrigido pelo IPCA do período, esse tíquete chegaria a R$ 719,40 atualmente.




Com o valor pago em abril de 2020, era possível comprar uma cesta básica nas principais capitais do país e ainda reservar um dinheiro para outras necessidades. Atualmente, isso só é possível em cinco das capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese).


De acordo com os dados, em abril de 2020 era possível comprar uma cesta básica com esse dinheiro em todas as 17 capitais pesquisadas, que inclui Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Campo Grande, Fortaleza, Salvador, entre outras.

Cesta mais cara

A cesta básica mais cara era a de São Paulo, que chegava a R$ 556,25. Já a mais barata era em Aracaju, capital do Sergipe, onde a cesta custava R$ 401,37.

Na comparação com maio deste ano, último dado disponibilizado pelo Dieese, o Auxílio Brasil de R$ 600 não compra uma cesta básica na maioria das cidades pesquisadas. A cesta continua abaixo desse valor apenas em Aracaju, João Pessoa, Natal, Recife e Salvador e ainda assim todas acima de R$ 540.

Em capitais mais caras, é impossível comprar uma cesta básica com o auxílio. Em São Paulo, ela custa R$ 777,93, em Florianópolis, R$ 772,07 e em Porto Alegre, R$ 768,76.

A aprovação dessa PEC, segundo juristas, abre um precedente perigoso e irreversível, pois pode permitir que qualquer pretexto seja utilizado tanto para driblar a lei eleitoral como para afrontar a Constituição, criando um "vale-tudo eleitoral".
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