Era por volta das 19h00 da noite quando os
detentos gritavam desesperados pelo agente penitenciário dizendo que um deles
estava precisando de socorro urgente. Puro fingimento. Era o plano deles.
Nesse momento um agente e um PM foram à cela
e ao se aproximarem os detentos tentaram atingir o agente com uma barra de
ferro. O agente e o PM conseguiu sair do local rapidamente e então teve início
a rebelião. Conforme o apurado, a intenção dos detentos era fazer o agente de
refém.
Baderna e fogo
Ligeiramente
os detentos fizeram um preso de
refém com uma faca em seu pescoço e começaram o quebra-quebra. Uma parte
deles começou
a quebrar as grades e em pouco tempo a maioria estavam fora das celas.
Vários
colchões foram empilhados e queimados juntamente com pedaços de
madeiras, provocando um fogaréu enorme. O carro pipa e os guardas
municipais também estiveram no local e foram muito úteis para que o fogo
fosse debelado.
Em questão de meia hora eles conseguiram
chegar ao pátio interno e destruir parte da muralha, fazendo dois grandes
buracos, um deles dando acesso a Galeria do Hamilton e o outro a parte lateral
da cadeia.
Cerco
Policiais militares de Camocim, de
Barroquinha, Chaval e do Batalhão de Divisas fizeram o cerco no entorno da
cadeia bem com ocuparam a parte externa da cadeia. Vale ressaltar que vários
policiais militares e agentes de folga foram convocados e compareceram em massa
para unir forças aos irmãos de serviço e assim a ajudar a controlar a rebelião
na unidade. Isso sim, é espírito de corpo!
Fugas
Como na rebelião de maio, a cadeia pública ficou quase que totalmente destruída |
Uma parte dos presos que fugiram pelos
buracos no pátio interno subiram nos telhados das residências e lojas de todo
quarteirão. De lá eles jogavam pedras e telhas nos policiais e até nos curiosos
que teimavam em se aproximar do local.
Alguns dos presos que conseguiram fugir foram
logo recapturados, cerca de cinco. Houve invasão dos detentos em algumas casas
do quarteirão, o que causou pânico nos moradores.
Rebelião controlada e refém libertado
Para fazer com que os presos recuassem, os
policiais tiveram que disparar vários tiros de advertência. Os presos, todos
selvagens, jogavam pedras e pedaços de ferros nos policiais, ferindo levemente
dois dos guerreiros.
Com a ameaça de invasão, os detentos enfim pediram
para negociar e exigiram a presença do Juiz, no entanto não foi possível a
presença do magistrado.
O
administrador da cadeia e o Tenente Coronel
Artunane Aguiar,especialista em Gerenciamento de Crises, começaram a
negociar com os líderes dos rebelados. Pouco a
pouco a situação estava se encaminhando para um final satisfatório. os
detentos
enfim libertaram o refém e atenderam a ordem de irem todos para o pátio
desarmados, de costas e com as mãos na cabeça. Nesse momento, por volta
das 21h50, houve a invasão e não teve necessidade do uso da força,
inclusive vários dos detentos afirmaram
para os policiais que não haviam aderido a rebelião.
Contenção e recontagem
Com a rebelião contida, teve início a
recontagem dos detentos, no entanto ainda não se sabe o total de presos que
conseguiram fugir, somente na quinta-feira, 27, é que esse número vai ser
divulgado. Policiais da Companhia de Tianguá e do Cotar chegaram horas depois e
ajudaram na contenção e recontagem dos detentos.
Destruição
Das seis celas, quatro delas ficaram
totalmente destruídas, inclusive sem grades. Fumaça e cinza e objetos queimados
dominam a paisagem do cenário. Não há a mínima condição de comportar os 170
detentos da cadeia, ressaltando que a capacidade é de 67.
Com mais esta rebelião está comprovado que a cadeia deve ser desativada. Não há mais condições estruturais. O prédio está comprometido. Moradores das adjacências estão todos revoltados e com razão, estão com a vida em risco e desta vez exigem uma atitude das autoridades para que tirem de uma vez por toda a cadeia daquele local.
Camocim 24 hs