Criado pela coligação "Ceará de Todos" para ouvir a sociedade e coletar
sugestões ao Plano de Governo de Eunício 15 governador, o movimento
"Vamos Juntos" realizou, na noite desta quinta-feira, 11, mais uma
plenária sobre as políticas de segurança pública implementadas nos
últimos anos.
Compareceram ao Comitê Central comerciantes, professores, servidores
públicos e cidadãos da Capital e Região Metropolitana de Fortaleza
preocupados com os elevados índices de criminalidade registrados no
Ceará.
Nos últimos anos, as estatísticas batem triste recorde, sendo o ano de
2013 considerado o mais violento da história do Estado, com 4.462
assassinatos registrados oficialmente. Uma média de 371 por mês. Ou 12
por dia, ou seja, um caso a cada duas horas.
"Éramos a 13ª cidade mais violenta do mundo. Passamos para o sétimo
lugar. Com os casos de 2014, corremos o risco de ficar como a quinta
mais violenta", disse a organizadora do debate e candidata a deputada
estadual, Lara Pinheiro, referindo-se ao estudo da renomada ONG mexicana
Conselho Cidadão para Segurança, Justiça e Paz.
Lara defende que o perigoso binômio violência-drogas seja discutido nas
escolas, desde a infância, e que os centros educacionais hoje existentes
para jovens em conflito com a lei sejam remodulados.
"A violência é um problema social. Nós não podemos mais viver com medo.
Estamos passando por um momento atípico em que a gente tem que entrar de
cabeça para resolver. As coisas no atual governo estão sendo feitas de
qualquer maneira", acrescentou.
Diversos participantes defenderam maior rigor na fiscalização das
fronteiras do Ceará para evitar a entrada de drogas e maiores
investimentos no batalhão RAIO.
O deputado federal e candidato à reeleição Danilo Forte também apresentou sugestões ao plano de gestão de Eunício.
"Nós temos problemas sérios na legislação. E precisamos fazer esse
enfrentamento. A Polícia prende e a justiça solta. Há também uma crise
de hierarquia declarada na Polícia do Ceará. Tem que ter alguém pra
encarar isso. Tem que ampliar efetivo e tem que usar mais a
inteligência. Estamos vivendo um momento muito triste. A sociedade está
pagando muito caro por um problema social profundo que o Governo não
resolve."
"O Ceará nunca teve um plano de segurança efetivo, teve apenas projetos
pontuais. Como a violência tem várias causas, nós precisamos ter várias
soluções integradas. O Governo apostou num projeto só. Hoje, o Ronda
acabou. Foram milhões e milhões jogados fora", pontuou o major e
ex-diretor do Instituto Penal Professor Olavo Oliveira (IPPOO) II,
Plauto de Lima.
Para ele, o grande problema do sistema de segurança pública do Ceará é
de falta de gestão. O estado registra 44 assassinatos para cada 100 mil
habitantes, quando a média nacional é de 27 casos para cada 100 mil
habitantes. Se considerada apenas a cidade de Fortaleza, a situação é
ainda mais dramática: são 77 mortes para cada 100 mil habitantes. Nos
Estados Unidos e na Inglaterra, esse índice é de 14 e 0,5 ocorrências
para cada 100 mil habitantes, respectivamente.
Plauto criticou a estratégia de gestores públicos de atribuírem apenas
ao tráfico de drogas o descontrole da insegurança. É esse o argumento do
atual Governo cearense, que tenta eleger um sucessor argumentando que a
violência é problema em todo o Brasil.
"De cada 100 assassinatos aqui, só em oito a Polícia descobre quem
matou. Se o Governo não elucida mais de 90% dos casos, como pode dizer
que a culpa é da droga? É cômodo criar um culpado para esconder a
incompetência e o erro que é esse modelo de segurança. Pernambuco também
tem droga e diminuiu em 40% as mortes. São Paulo tem o PCC (Primeiro
Comando da Capital) e tem o segundo menor índice de assassinatos do
País", comparou.
As críticas foram endossadas pelo especialista em segurança pública,
professor de Direito Penal, membro da Comissão de Direitos Humanos da
OAB e coronel do Exército Walmir Pereira de Medeiros Filho.
Foi ele quem, no fim de 2011 e começo de 2012, mediou o fim da greve da
Polícia Militar do Ceará deflagrada porque a tropa estava cansada do
autoritarismo e da falta de diálogo do governado do Estado.
"A Polícia Civil cearense foi destroçada por esse Governo. A Polícia não
consegue juntar provas para passar ao Ministério Público e, no fim, o
bandido acaba rindo dos policiais. Não existe milagre na segurança
pública. Tem que ter gestão. Mas, durante a greve, eu ouvi do deputado
Ivo Gomes (irmão do governador) que 'policial civil e nada era a mesma
coisa", lamentou.
O tema segurança pública também pautou a plenária do "Vamos Juntos" em
25 de agosto. À época, três mil policiais militares, bombeiros,
policiais civis, peritos, agentes penitenciários e aprovados em concurso
ainda não convocados pelo Governo participaram do debate, expuseram
suas insatisfações com o atual comando da SSPDS e declararam apoio à
candidatura de Eunício governador.
Assessoria do candidato
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