Menos tempo de campanhas deve favorecer candidatos conhecidos



O que muda com a diminuição de 90 para 45 dias de campanha eleitoral? Para líderes políticos e especialista que conversaram com O POVO, a mudança beneficia candidatos mais conhecidos e dificulta a renovação de quadros. Em Fortaleza, porém, com pré-candidaturas de nomes populares, a alteração pode não causar tanto impacto.
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“Lançar um nome conhecido será um critério de primeira ordem nos partidos”, acredita Ricardo Alcântara, marqueteiro com 30 anos de experiência em campanhas eleitorais, hoje filiado à Rede Sustentabilidade. Sancionada no mês passado, a mudança, que faz parte da minirreforma política, foi divulgada em calendário pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Roberto Cláudio (PDT), que disputará a reeleição, seria o mais beneficiado. André Figueiredo, ministro das Comunicações e presidente estadual do partido trabalhista, reconhece que o prefeito usufrui de certa vantagem, por “ter serviços prestados à população”. Mas afirma que os nomes apresentados como pré-candidatos são conhecidos.

O mesmo acredita Heitor Férrer, presidente municipal do PSB e pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza. Para ele, os possíveis candidatos na disputa — até agora, somente RC, Heitor e o deputado estadual Capitão Wagner (PR) estão confirmados — estão “no mesmo patamar”.

Disso discordam Luiz Pontes (PSDB) e o senador Eunício Oliveira (PMDB), ambos presidentes estaduais que garantem que suas siglas terão candidatos na disputa de Fortaleza, embora sem nome definido. Eunício porque defende que “ninguém leva vantagem ou desvantagem”. Para ele, a mudança tem impactos puramente econômicos, para a diminuição de custos.

E Pontes porque considera diminuição do tempo “um absurdo”. O tucano acredita que “quem não é conhecido perde” e desconfia até da diminuição de gastos. Já Diassis Diniz, presidente da legenda petista no Ceará, enxerga os dois impactos, financeiro e político. Com candidatura própria ainda indefinida, o PT não sairia perdendo, segundo ele, por ter nomes “midiáticos” à vista.

Menos reviravoltas
Alcântara avalia que menos tempo de campanha eleitoral significa, além da possibilidade de haver sempre os mesmos nomes concorrendo às eleições, menos chances de reversão no pleito. “As campanhas tendem a terminar parecidas com a forma como começaram. Se isso acontecer, para quê precisa de campanha?”, questiona.

O POVO