Cunha vendeu rádio sem aval do governo


O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vendeu uma emissora de rádio no Estado de Pernambuco sem ter o aval obrigatório do Ministério das Comunicações para tal.

Segundo o próprio Cunha, sua parte na empresa Rádio Satélite Ltda foi vendida em 2007, negócio declarado no Imposto de Renda. A informação sobre a venda foi divulgada pela revista Época no último fim de semana e confirmada pela assessoria de Cunha.

O Ministério das Comunicações, porém, afirmou na quarta-feira, 16, que Eduardo Cunha jamais recebeu autorização para fazer qualquer alteração contratual na empresa.

Segundo a pasta, um pedido de transferência da outorga da Rádio Satélite foi protocolado em abril de 2011 - quatro anos depois da data em que o peemedebista afirma ter feito a transação. Mas a autorização solicitada não foi deferida. Continua sob análise, informou.

No pedido de transferência, a Rádio Satélite passaria para as mãos de Romildo Ribeiro Soares e Victor Soares Marques Ferreira.

O primeiro é o conhecido missionário evangélico R. R. Soares, fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus. O segundo é apresentado em sites evangélicos como pastor e líder da denominação em Pernambuco.

Nos registros do Ministério das Comunicações e da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), a emissora continua em nome de Eduardo Cunha e de outros dois sócios, em partes iguais.

Um deles é o pastor Everaldo Pereira, membro da Assembleia de Deus ministério Madureira, político que disputou a Presidência da República pelo PSC no ano passado e terminou em quinto lugar com 0,75% dos votos.


O outro sócio de Cunha nos registros oficiais é o ex-deputado federal Francisco Silva (PPB-RJ, atual PP), empresário dono da rádio evangélica Melodia FM, no Rio, e ex-fabricante dos famosos comprimidos Atalaia Jurubeba (para fígado).

Foi Silva quem introduziu Cunha no mundo evangélico, quando o peemedebista aderiu à igreja Sara Nossa Terra - no ano passado, Cunha migrou para a Assembleia.


Foi Silva também quem abriu as portas do governo Anthony Garotinho ao atual presidente da Câmara no fim dos anos 90. Hoje, Cunha e Garotinho são rompidos. (Folhapress)