Perímetro Irrigado Araras Norte sofre com a falta d'água


Perímetro Irrigado Araras Norte, de acesso pela BR-222 e CE-183, segue em colapso pela falta de água ( Foto: Marcelino Júnior )
Varjota Implantado pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) em 1987, entre os municípios de Varjota, Reriutaba e Cariré, o Perímetro Irrigado Araras Norte segue em colapso de água. Mantido pelo Açude Paulo Sarasate, que hoje nem de longe aparenta o potencial hídrico de anos atrás, que fornecia água permanentemente para a cobertura de 6.407,39 ha, o Perímetro segue recebendo por meio de seus 37Km de canais, apenas 2h para cinco estações de distribuição de água que atendem menos de 250 hectares de área cultivada, do total de 1.030 hectares.
Com apenas 7% de seu volume, segundo a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o Açude, que teve o fechamento gradativo de suas comportas finalizado em março deste ano, não consegue mais dar vazão suficiente para manter as áreas irrigadas de coco, banana, mamão, goiaba, graviola, maracujá, caju, e uva, cultivos que chegavam a gerar para a economia da região algo em torno de R$ 8 mi por ano. Os cerca de 170 litros de água recebidos por segundo só servem para manter as poucas famílias que restaram nos lotes.
Em Varjota, onde o Perímetro está instalado em sua maior parte, a crise hídrica atingiu não apenas os moradores da sede, mas os da zona rural, que possui 40% do total dos 20 mil habitantes. As 16 comunidades distribuídas em Croatá dos Martins, único distrito de Varjota, não têm conseguido dar conta da demanda pactuada com o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), com a compra direta de produtos da agricultura familiar.
"Tudo que fizemos, além do atendimento com carro-pipa, perfuração de 12 poços, não tem dado grande resultado frente à seca que enfrentamos. No Perímetro, a situação é calamitosa, mas o Dncos anunciou a continuidade do projeto, que entrará em sua segunda etapa, com ampliação de sua extensão. Até onde sabemos, isso se dará por conta das obras já licitadas e pactuadas, com recursos garantidos", disse Rocireuda Pires, secretária de Agricultura de Varjora.
Em matéria veiculada no Diário do Nordeste do último dia 8, o diretor-geral do Dnocs, Walter Gomes, anunciou que o órgão possa fechar suas portas. Entre as declarações, está a iminência, neste ano, da aposentadoria de 1.100, dos cerca de 1.500 servidores; e de mais 400 no ano que vem. A falta de concurso público seria outro problema, segundo o diretor. Ainda assim, o órgão anunciou ontem investimentos na expansão e recuperação dos sistemas de abastecimento de água e de irrigação em vários Estados, inclusive no Ceará.

DN