O
jornalista Jânio de Freitas revelou que o maior inimigo da Operação
Lava Jato está em Curitiba. É a teoria da "bosta seca", enunciada em
maio por um procurador. Nela, não se deve mexer em incongruências
existentes nos processos contra os larápios. Assim, se um depoimento de
Alberto Youssef foi desmentido por Paulo Roberto Costa, seria melhor
deixar a bosta em paz. Janio mostrou coisa pior. Em julho, Paulo Roberto Costa disse o
seguinte à Polícia Federal, tratando da figura de Marcelo Odebrecht: "Eu
conheço ele, mas nunca tratei de nenhum assunto desses com ele, nem põe
o nome dele aí porque ele não, ele não participava disso".
A partir dessas palavras os procuradores escreveram o seguinte:
"Paulo Roberto Costa, quando de seu depoimento […] consignou que, a
despeito de não ter tratado diretamente o pagamento de vantagens
indevidas com Marcelo Odebrecht…" Puseram o nome de Odebrecht. Seus advogados apontaram o absurdo e
requereram ao juiz Sergio Moro a volta do processo à instrução
processual. Moro deu uma resposta estarrecedora: "O processo é uma
marcha para a frente. Não se retornam às fases já superadas".
Achou que o
pedido era "meramente protelatório", pois as provas pretendidas eram
"desnecessárias e irrelevantes". O pedido era de fato protelatório, mas Moro pode tentar saber o que
houve. Como bosta seca é seca bosta, vamos em frente. Até o dia em que
os tribunais de Brasília forem colocados diante dos montinhos de cocô
escondidos nos processos.
Repórter Jonas Mello