Os principais programas na área social, como Bolsa Família, Minha Casa,
Minha Vida e Pronatec, vão consumir mais de R$ 40 bilhões do orçamento
em 2016. Outra fonte de recursos que tem sido usada para abastecer os
programas é o FGTS. O valor seria maior, mas o governo tirou R$ 25
bilhões dessas vitrines da gestão petista ao se ver obrigado a mostrar
que "cortava na carne" para garantir o esforço fiscal.
Esta reavaliação sobre a eficiência dos programas sociais permitiria
revalorizar aqueles com maior "taxa de sucesso". Visto como exemplo pela
equipe de Temer, o Bolsa Família deve ter os benefícios reajustados,
medida que traria apoio da população de baixa renda. Marcos Lisboa,
ex-secretário de Política Econômica no governo Lula e cotado para
assumir um ministério, defende que um órgão externo independente faça a
avaliação dos programas sociais.Já membros da equipe de Dilma afirmam que a "remodelagem" defendida por Temer é eufemismo para cortes nesses programas. Argumentam que um eventual governo Temer tem cerne no aperto fiscal, o que seria incoerente com a proposta de valorização da área social. "Dizer que vai ampliar programa social e ao mesmo tempo cortar subsídio em um choque de ajuste fiscal é como falar de círculo quadrado, completamente contraditório", criticou Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto.
Cobranças na Câmara
Parlamentares sindicalistas de centro-direita já avisaram ao vice-presidente Michel Temer que não tolerarão mudanças em direitos trabalhistas, como a reforma da Previdência Social, com estabelecimento de idade mínima para aposentadoria, propostas já defendidas pelo peemedebista. Outros, ligados à esquerda, afirmam que não reconhecerão um governo Temer e, por isso, não pretendem dialogar com o peemedebista. "Vão ter os sindicatos pelegos apoiando ele, mas nós vamos ser combativos", disse Zé Geraldo (PT-PA).
Já a chamada bancada BBB - uma referência a "Boi, Bíblia e Bala" -, formada por parlamentares ruralistas, evangélicos e defensores de propostas ligadas à segurança pública, foi fundamental na votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara e, por isso, cobra interlocução maior com Temer e o apoio dele a suas agendas no Congresso Nacional.
DN