No local, foram construídas 112 quitinetes, em menos de 20 dias no final do ano passado e já estavam em fase final de acabamento quando a obra foi descoberta. As unidades estavam sendo construídas no pátio da Ala C da penitenciária.
Segundo as investigações da Polícia Civil, os quartos seriam usados para as visitas íntimas de presos e teriam custado cerca de R$ 200 mil no total. Deste valor, R$ 120 mil teria sido usado para a compra de materiais de construção em uma empresa do município e R$ 70 mil para o pagamento de propina ao então diretor da unidade na época, Marcos Vinícius Alves, que foi afastado do cargo após ter sido preso durante a Operação Livramento, deflagrada no último dia 19, em combate a corrupção em presídios.
A corporação informou que há relatos de que Marcos teria ido pessoalmente à empresa que vende matérias de construção para negociar sobre a obra das quitinetes. Funcionários da empresa disseram à polícia que o pagamento de tais itens era feito em dinheiro.
As investigações apontam que cada quitinete deveria render depois de pronta pelo menos R$ 1 mil de lucro ao traficante Thiago Topete de 32 anos e que cumpre pena por tráfico e associação para o tráfico na penitenciária, o que resultaria em uma movimentação de quase R$ 120 mil ao mês.
Ele é apontado pelas investigações como quem financiou, com dinheiro próprio e de outros detentos, a construção das 120 quitinetes.
A informação sobre o “motel do presídio” veio à tona após reportagem do jornal “O Popular” ser publicada na edição desta quinta-feira, 27.
O texto jornalístico causou polêmica nas redes sociais, principalmente pelo tom dado ao fato, com pré-julgamento e antecipação de resultado de investigações ainda não documentadas em sentença ou relatório de processo administrativo. O título da reportagem diz que o tráfico fez o motel e deu até valor exato de possível rendimento: “Tráfico fez motel em presídio para lucrar R$ 120 mil ao mês”.
O promotor de Justiça Haroldo Caetano, um dos principais especialistas sobre o tema no estado, por exemplo, questionou a angulação da reportagem. “A matéria do jornal O Popular é superficial, frágil e parcial do ponto de vista das informações coletadas, açodada na identificação do ex-diretor apontado como suspeito e sequer ouvido. Mas com essa chamada de capa deve ter vendido muitos exemplares. Enfim, sensacionalismo puro”.
DM