Inadimplência é realidade para 58,6 milhões

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Resultado de imagem para Imagens de homem sem dinheiroO Brasil encerrou 2016 com 58,3 milhões de pessoas com nome sujo, embora a inadimplência tenha desacelerado no ano passado, segundo levantamento do birô de crédito SPC Brasil e da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas). O dado significa que um em cada três consumidores brasileiros terminou o ano inscrito no cadastro de negativados, aumento de 700 mil casos, mas desaceleração em relação a 2015, quando a alta foi de 2,5 milhões de pessoas com nome sujo.
Por regiões, o Nordeste concentra o segundo maior número de consumidores com nome sujo no País, com total de 15,74 milhões de pessoas (39,7% dos adultos da região), perdendo, apenas, para o Sudeste, com 24,23 milhões de negativados (37,3% dos adultos). O Sul tem 7,96 milhões de inadimplentes (35,8% de adultos). O Norte possui 5,34 milhões (46% da população adulta) e o Centro-Oeste, 4,99 milhões de inadimplentes (43,8%).
Contexto
O aumento de negativados ocorreu em um contexto de desemprego em patamares históricos, atingindo 12,1 milhões de pessoas em novembro, e inflação de 6,29% no ano, pouco abaixo do teto da meta, que é 6,5%. Esses fatores contribuíram para achatar a renda dos consumidores, que se viram com dificuldades para pagar as contas em meio à recessão que afeta o País.
Segundo o levantamento, 39% dos adultos estão em cadastros de inadimplentes, com restrições para realizar compras parceladas ou tomar empréstimos. “A explicação para a desaceleração do crescimento da inadimplência desde o primeiro trimestre do ano reside no fato de que o próprio cenário de recessão da economia, que reduziu a capacidade de pagamento das famílias, também restringiu a tomada de crédito por parte dos consumidores”, afirma, em nota, o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro. “Isso quer dizer que o consumidor encontra mais dificuldade para se endividar e, sem se endividar, não pode ficar inadimplente”, explica.
Comportamento
Em dezembro, o indicador de inadimplência recuou 0,41% em relação a novembro, ajudado pela injeção de recursos do 13º salário. Na comparação com 2015, o indicador avançou 1,44% – a menor variação para um ano desde o início da série histórica –, o que “confirma a tendência de desaceleração da inadimplência observada desde o primeiro trimestre de 2016”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Em relação à faixa etária, a maior parcela de negativados se encontra entre os 30 e 39 anos (49,38% da população dessa faixa). Entre as pessoas com idade entre 18 e 24 anos, a fatia cai para 19,38%, e entre os idosos, a proporção vai a 29,5%.
Volume cai
O indicador também analisa o volume de dívidas em nome de pessoas físicas. Neste caso, a variação negativa foi de -2,24% na comparação anual – dezembro de 2016 frente ao mesmo mês de 2015. O setor de comunicação, que engloba atrasos em contas de telefonia, internet e TV por assinatura, foi o que mostrou a maior queda de dívidas em dezembro. Na comparação anual, as pendências de pessoas físicas com o setor caíram -17,77%. Os atrasos no comércio apresentaram uma retração de -3,90% e as dívidas bancárias, que contemplam atrasos no cartão de crédito, financiamentos, empréstimos e seguros, cresceram +0,78%. O setor que apresentou a maior alta foi o de água e luz, cujo crescimento foi de 13,62%, também na variação anual.
Em termos de participação, considerando-se mais uma vez o total do Brasil, os bancos concentram a maior parte das dívidas existem no país: 48,26%. Em seguida, aparece o Comércio, com 20,04% desse total; o setor de Comunicação (13,07%) e o de Água e Luz, concentrando 8,55% do total de pendências.
O indicador de inadimplência do consumidor sumariza todas as informações disponíveis nas bases de dados às quais o SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) têm acesso. As informações disponíveis referem-se a capitais e interior das 27 unidades da federação.