Deputada citada em delação será Ministra do Trabalho, ex. presidiário assume sua vaga na câmara federal






A petebista substitui o deputado Roberto Nogueira (também do PTB), que pediu demissão em dezembro para se dedicar à campanha eleitoral ( Foto: Agência Câmara )

Brasília. O presidente Michel Temer confirmou, ontem, a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) como nova ministra do Trabalho.

A parlamentar, filha do ex-deputado e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, condenado no mensalão, substitui o deputado Roberto Nogueira, que pediu demissão ao presidente no dia 27 de dezembro para se dedicar à campanha eleitoral.


Cristiane foi a segunda indicação do PTB para o cargo. Temer recebeu a indicação em um encontro, ontem, com Jefferson durante encontro no Palácio do Jaburu, em Brasília.

O presidente nacional do PTB se disse emocionado e chorou ao falar com jornalistas ao fim do encontro. Jefferson afirmou que o nome da filha surgiu na conversa com Temer.

Na terça, o presidente havia desistido de nomear o deputado Pedro Fernandes (PTB-MA) para a vaga, supostamente após o ex-presidente José Sarney (MDB-AP) não referendar o nome de Fernandes, aliado do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). O deputado havia sido indicado por seu partido para ocupar o lugar de Ronaldo Nogueira (PTB-RS). Sarney negou o veto. Temer pediu, então, uma nova indicação do PTB.

Citada em delação

Futura ministra do Trabalho, Cristiane Brasil já foi citada na delação da Odebrecht. As declarações que atingiram Cristiane foram tornadas públicas em abril do ano passado. Na ocasião, a deputada registrou que o Supremo Tribunal Federal não havia solicitado investigação contra ela. "Não há nada a meu respeito senão um comentário sem qualquer prova feito por um dos delatores da operação".

Ela foi delatada pelo executivo Leandro Andrade, um dos delatores da Odebrecht na Lava-Jato. O empreiteiro relatou ao Ministério Público Federal um episódio que classificou como "pitoresco", supostamente ligado à deputada. Segundo o delator, a pedido do deputado Pedro Paulo (MDB-RJ) foram entregues R$ 200 mil à Cristiane Brasil em 2012. O dinheiro foi repassado pelo próprio executivo, afirmou à Lava-Jato. A parlamentar nega ter recebido valores ilícitos.

Andrade narrou que os R$ 200 mil foram retirados de um saldo supostamente acertado por outro delator da Odebrecht, Benedicto Junior, em 2012, com Eduardo Paes (MDB), como contribuição eleitoral para a campanha do peemedebista à reeleição para a prefeitura do Rio. Segundo Andrade, do montante total, Pedro Paulo "mandou" pagar "dois candidatos que faziam parte da base de apoio dele", Brizola Neto e Cristiane.

"O da Cristiane Brasil, o que aconteceu foi que eu estava no dia da programação de ela ir retirar esse dinheiro nesse escritório. Eu não ficava direto lá, mas ia de vez em quando para reuniões. Ela mesma foi retirar esse dinheiro. O que aconteceu foi que o portador nosso, o doleiro, não sei exatamente como é que chama, demorou a chegar. Ela ficou na antessala do escritório. Minha secretária que atendia lá veio dizer: 'Tem uma deputada aí, que está esperando há um tempão, já está ficando nervosa'. Fui e a chamei para tentar fazer uma sala. Realmente nós conversamos, me apresentei, não conhecia. Ela estava lá para pegar o dinheiro", relatou.

O executivo afirmou que Cristiane 'estava sozinha'. "Teve um fato também pitoresco. Nessa sala que eu tinha, existia uma câmera para fazer conference call e Skype com minhas obras no interior. Ela ficou super incomodada com aquilo, achando que eu estava gravando aquele momento".

Jefferson disse que a escolha de sua filha como nova ministra do Trabalho representa um resgate de sua família. A nomeação deve ser publicada hoje no Diário Oficial da União. A posse, segundo Jefferson, deve ocorrer na próxima terça ou quarta. Ela já havia sido sugerida para ocupar o Ministério da Cultura, mas a nomeação não vingou.

Ex-presidiário

Irmão do ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho, o suplente parlamentar Nelson Nahin (PSD-RJ) deve assumir a vaga da deputada na Câmara após ela tomar posse como ministra do Trabalho.

Assim como Garotinho, que ficou preso por cerca de um mês no final do ano passado por crimes eleitorais, Nahin também é ex-presidiário.

O novo deputado foi preso com outras 12 pessoas, em junho de 2016, numa ação da Polícia Civil e do Ministério Público sob a acusação de participar de uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes, em Campos de Goytacazes (RJ). Na época da prisão, Oliveira negou envolvimento no crime.

DN