Quadrilha fraudou mais de R$ 4 milhões dos cofres do INSS







Segundo a responsável pela investigação, delegada Adriana Corrêa, da Delegacia de Combate aos Crimes Previdenciários (Deleprev), o alvo da organização criminosa era benefício assistencial aos idososUm alvo da investigação foi detido em flagrante, pela posse de apetrechos para falsificação de documentos. A investigação da Polícia Federal identificou 59 benefícios fraudados, apenas em Fortaleza e Região Metropolitana ( Fotos: Divulgação/PF-CE )

Uma quadrilha que fraudou mais de R$ 4 milhões dos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em Fortaleza e na Região Metropolitana (RMF), foi desarticulada pela Polícia Federal (PF), com a deflagração da Operação Espectro, ontem. Cinco pessoas foram presas por mandados judiciais e outros dois suspeitos estão foragidos.

De acordo com a nova superintendente da PF no Ceará, Vanessa Gonçalves Leite de Souza, a Operação conseguiu cumprir quatro mandados de prisão preventiva, um mandado de prisão temporária e 14 mandados de busca e apreensão. Um alvo da investigação também foi detido em flagrante, pela posse de petrechos para falsificação de documentos. Cerca de 70 policiais federais participaram das diligências. Segundo a responsável pela investigação, delegada Adriana Corrêa, da Delegacia de Combate aos Crimes Previdenciários (Deleprev), o alvo da organização criminosa era os benefícios assistenciais aos idosos, previstos na Lei Orgânica da Assistência Social (Loas). O grupo atuava principalmente na Capital, em Caucaia e em São Gonçalo do Amarante.

"A fraude consiste na criação de pessoas fictícias, que recebiam um benefício assistencial para idosos. Elas se espalhavam de forma exponencial, porque eram criadas identidades falsas, e cada pessoa verdadeira que comparecia ao INSS conseguia ter várias identidades", explicou Adriana Corrêa.

O primeiro inquérito aberto contra a quadrilha remete a um crime cometido em 2009, mas a Polícia Federal acredita que a atuação dos criminosos pode ser maior do que os números apurados pela investigação até o momento. "O montante fraudado, já constatado, supera os R$ 4 milhões. Isso em 59 benefícios que nós identificamos, durante a investigação. Mas diante dos documentos e dos diversos novos nomes encontrados, esse montante certamente será duplicado", indicou a chefe da Deleprev, delegada Cláudia Braga.

Dificuldade

A delegada Adriana Corrêa afirmou que foi difícil identificar os golpes porque os criminosos, geralmente, criavam a certidão de nascimento para a pessoa fictícia. Com o papel em mão, ela retirava outros documentos.

"Muitas vezes, os documentos utilizados na fraude são válidos. Elas vão aos institutos de identificação, correspondente bancário e conseguem os documentos originais. Elas têm todos os requisitos necessários e têm mais facilidade de conseguir os benefícios do que a pessoa comum, porque qualquer requisito formal elas fabricam", pontuou.

A Polícia Federal não divulgou o nome dos presos, mas revelou que alguns deles possuem Ensino Superior e que uma célula da organização criminosa é composta por uma família, tendo os pais passado o comportamento delituoso para os filhos.

Os suspeitos enriqueceram a partir do crime. "A gente identificou que tinha uma evolução patrimonial bastante significativa. São pessoas que saíram da periferia de Fortaleza e hoje estão vivendo no bairro Aldeota, em apartamento que é um por andar", contou Corrêa.

Os criminosos foram autuados pelos crimes de estelionato qualificado, formação de quadrilha, falsificação de documento público, falsa identidade e estão à disposição da Justiça Federal. A PF ainda informou que irá investigar o grupo por suspeita de lavagem de dinheiro, já que pelo menos um imóvel foi adquirido com nome falso. (Colaborou João Lima Neto)

DN