Sucessão: Rogério Caboclo é eleito presidente da CBF




Com o aval de Marco Polo del Nero, o paulista Rogério Caboclo, 45, foi eleito ontem presidente da CBF. Ele vai comandar a entidade a partir de abril do próximo ano para quatro anos de mandato. Atual diretor Executivo de Gestão da entidade, ele obteve 135 votos. As federações do Rio e de São Paulo, que não homologaram a chapa, votaram no novo presidente. Apenas Flamengo (abstenção), Corinthians (branco) e Atlético-PR (ausente) não votaram em Caboclo.

“Da minha parte, prometo muito trabalho. Minha gestão terá dois pilares, que serão eficiência e integridade”, disse Caboclo, no seu discurso. “Desafios não me assustam. A CBF mudou de patamar nos últimos anos. É uma grande empresa privada agora”, acrescentou. Caboclo assume o cargo com a missão de limpar a imagem da CBF, abalada com os escândalos de corrupção dos três últimos presidentes (Marco Polo Del nero, José Maria Marin e Ricardo Teixeira). Na eleição desta terça, ele foi candidato único num pleito definido nos bastidores.

Desconhecido do torcedor, o cartola nunca apresentou publicamente os seus projetos para comandar a CBF. Rejeitado pelos presidentes de federações até o final do ano, o paulista conseguiu a vitória após receber o apoio formal de Del Nero, afastado da presidência da CBF desde dezembro. O dirigente é acusado pelo FBI de receber propina na venda de direitos de torneios e deve ser banido pela Fifa até o final do mês.

Sem chance de continuar no comando da CBF, Del Nero apressou o processo para fazer o seu sucessor e conseguiu. Na gestão atual, Caboclo cuida das finanças da entidade e é o responsável por negar os pleitos por mais verbas dos cartolas. No seu discurso, ele fez questão de elogiar o seu mentor e desejar “toda sorte aos desafios que enfrenta”. Para homologar uma chapa na eleição, o candidato precisa ter o apoio de oito federações e cinco clubes. Ao registrar a sua chapa, ele conseguiu o apoio de 25 das 27 federações e inviabilizou a oposição.

Quem é
Nascido em São Paulo, Caboclo é advogado e administrador de empresas. Ele começou a sua carreira de cartola aos 26 anos, quando passou a integrar, como conselheiro vitalício, o Conselho Deliberativo do São Paulo. A parceria com Del Nero começou em 2002, quando Caboclo entrou na Federação Paulista de Futebol, onde ocupou o cargo de vice-presidente.
Com o apoio do seu criador, ele foi diretor do Comitê Organizador da Copa de 2014 e entrou na CBF em 2015. Atualmente, ele também é CEO da organização da Copa América 2019, que será disputada no Brasil.

A chapa de Caboclo conta com quatro vices escolhidos por Del Nero (o empresário Fernando Sarney, o deputado federal capixaba Marcus Vicente e o cartola paraense coronel Nunes e o alagoano Gustavo Feijó) e presidentes de quatro federações (o acreano Antônio Aquino Lopes, o Toniquim, o gaúcho Francisco Novelletto, o baiano Ednaldo Rodrigues e o mineiro Castelar Neto).

Justiça
O promotor Rodrigo Terra tentou suspender na Justiça a eleição da CBF, mas não conseguiu. Ele contesta a mudança do estatuto da entidade, feita em março do ano passado. Na ocasião, as federações se reuniram numa assembleia e alteraram o colégio eleitoral da CBF, que havia ganho a participação dos 20 Clubes da Série B, além dos 20 da Série A.