Caixa 2 não é tão grave quanto corrupção, diz Moro




BRASÍLIA — O ministro da Justiça, Sergio Moro , entregou nesta terça-feira na Câmara dos Deputados o seu " pacote anticrime ". Ele foi acompanhado de diversos ministros, como Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Paulo Guedes (Economia), e reafirmou que a decisão de apresentar um projeto em separado para tratar da criminalização do caixa dois foi tomada para atender a pedidos da classe política. Moro disse que a medida foi atendida, porque este crime "não é tão grave" quando homicídio ou corrupção, por exemplo.


— Havia um sentimento que caixa dois é um crime grave, mas não tão grave quanto crime organizado, homicídio e corrupção. Houve pedido que não fosse tratado junto com temas tão graves — justificou.


Ao avalizar o argumento de que o crime de caixa dois não tem a mesma gravidade que a corrupção, e decidir fatiar seu pacote de medidas anticorrupção, Moro contradisse o que falou em palestra para estudantes brasileiros na Universidade de Havard, há pouco menos de dois anos, quando ainda era juiz. Na época, ele disse considerar a corrupção para gerar caixa 2 pior que o enriquecimento ilícito de agentes públicos.

— Se eu peguei essa propina e coloquei em uma conta na Suíça, isso é um crime, mas esse dinheiro está lá, não está mais fazendo mal a ninguém naquele momento. Agora, se eu utilizo para ganhar uma eleição, para trapacear uma eleição, isso para mim é terrível — afirmou, na ocasião.

Em seguida, o juiz foi ainda mais assertivo:

— Temos que falar a verdade, a Caixa 2 nas eleições é trapaça, é um crime contra a democracia. Me causa estresse quando alguns sugerem fazer uma distinção entre a corrupção para fins de enriquecimento ilícito e a corrupção para fins de financiamento ilícito de campanha eleitoral. Para mim a corrupção para financiamento de campanha é pior que para o enriquecimento ilícito - concluiu.

O Globo