Mandatos da PF ordenados pelo STF miram aliados de Bolsonaro





A Polícia Federal cumpriu, ao longo desta terça-feira (16), mandados de busca e apreensão solicitados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). As medidas, que atingem aliados do presidente Jair Bolsonaro, têm o objetivo de instruir o inquérito que investiga a origem de recursos e a estrutura de financiamento de grupos suspeitos da prática de atos antidemocráticos.




Entre os alvos estão um advogado e um marqueteiro ligados à Aliança pelo Brasil, partido que Bolsonaro tenta criar desde sua saída do PSL, no final do ano passado. No total são cumpridos 21 mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão, Santa Catarina e no Distrito Federal.
Uma linha de apuração neste inquérito, segundo a PGR, busca esclarecer se os investigados se articularam com parlamentares e outras autoridades com prerrogativa de foro no STF “para financiar e promover atos que se enquadram em práticas tipificadas como crime pela Lei de Segurança Nacional (7.170/1983)”.


Investigados
Em uma rede social, o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), disse ser um dos alvos das buscas da PF. “Polícia Federal em meu apartamento. Estou de fato incomodando algumas esferas do velho poder”, disse. Policiais vasculharam o gabinete de Silveira na Câmara, o apartamento funcional em Brasília e sua residência no Rio. Agentes federais também cumpriram mandados em endereços do blogueiro Allan dos Santos, do site Terça Livre, do advogado Luís Felipe Belmonte, um dos responsáveis pela montagem da Aliança, e do marqueteiro Sérgio Lima, também do partido que Bolsonaro pretende criar.


Belmonte apareceu em vídeo postado no YouTube no mês passado por Sara Winter em que a líder do grupo armado de extrema direita 300 do Brasil pede ajuda contra ações do governo do Distrito Federal, que buscava desmobilizar acampamentos de apoio ao presidente na região central de Brasília.
O empresário Otávio Fakhoury é outro alvo da operação. Ele e Allan dos Santos já tinham sofrido busca e apreensão no inquérito de fake news, também sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Ambos fazem ataques à corte de forma recorrente. Em vídeos e nas redes sociais, além de espalhar hashtags contra a corte, Allan tem participado de protestos com bandeiras antidemocráticas em Brasília. Em um deles, fez uma foto mostrando o dedo do meio para o prédio do STF. Em maio, ele passou a fazer menção ao artigo 142 da Constituição, defendendo o uso das Forças Armadas contra os ministros.
Em maio, após a nomeação de Alexandre Ramagem para a PF ser barrada pelo ministro Alexandre de Moraes, Fakoury escreveu na rede social que quando o povo perdesse a paciência com os “ditadores togados do STF”, a toga dos ministros viraria pano de chão. Além disso, nesta terça, Allan retuitou o post do deputado federal Márcio Labre (PSL-RJ) contra a operação. O parlamentar afirmou que estava indo para Brasília para brigar e que por ele Polícia Federal não cumpriria mais nenhuma ordem do STF.
Labre também defendeu o uso das Forças Armadas contra a corte após a operação contra bolsonaristas no inquérito das fake news, no final de maio. Numa entrevista a um canal no Youtube na segunda (15) e em um post na rede social no sábado (13), o parlamentar afirma que “se o dono do fuzil resolver que a caneta não vale, acabou”. “Não adianta você apontar a caneta para o dono do fuzil. É o dono do fuzil que decide se obedece ou não, porque caneta não atira, mas fuzil atira”, disse.
Há mandados ainda contra Alberto Junio da Silva, conhecido como Beto Louco, da Rádio Onda Poços, de Minas Gerais, e contra a jornalista Camila Abdo, de São Paulo. Em São Paulo, duas empresas de tecnologia estão na lista de Moraes: a Novo Brasil Empreendimentos Digitais e a Inclutech Telecnologia da Informação.

O Estado