Cinco pontos para entender a visita de Lula ao Ceará na reta final da companha



Escrito por William Santos
A caminhada da qual o ex-presidente participará, no Centro de Fortaleza, eleva as apostas do PT, inclusive nacionalmente, na sucessão no Ceará


Legenda: Desde a convenção do PT, a imagem de Lula é amplamente usada por Elmano ao longo da disputa estadual
Foto: Thiago Gadelha



Abaixo, o Diário do Nordeste traz cinco pontos que contextualizam a agenda de Lula em solo cearense como estratégica na véspera do fim da campanha:

RELAÇÃO COM CAMILO

Escolhido candidato aos 45 do segundo tempo do prazo de definição de candidaturas, Elmano não teve o tempo que seus dois principais adversários, Capitão Wagner (União Brasil) e Roberto Cláudio (PDT), para construir sua candidatura durante o período de pré-campanha. Diante disso, se colocou, desde o início da campanha, como "candidato do Lula e do Camilo".

Em uma frente, Camilo, que esteve com o indicado em praticamente todos os dias de campanha, atuou para converter os índices de avaliação positiva de seus governos em votos para Elmano. Após o rompimento da base governista no Estado, o ex-governador foi presença constante no front da campanha - em vários momentos, aliás, medindo forças diretamente com ex-aliados.


Na outra frente, Lula, que em 2021 chegou a dizer, em entrevista, que disputaria o "coração bondoso do Camilo", chega ao Estado para mostrar que venceu tal disputa - numa relação que resistiu ao antipetismo - na terra de um de seus mais críticos adversários, o também presidenciável Ciro Gomes (PDT).
 
PT UNIFICADO

O ex-presidente também encontra, na disputa estadual de 2022, um partido unificado no Ceará. Diferentemente do que ocorreu nos pleitos de 2018 e 2020, quando havia no PT cearense uma divisão em relação à postura da legenda no cenário local, a candidatura de Elmano contemplou diferentes lideranças.


Antes do fim da aliança com o PDT, havia no PT uma ala que apoiava a indicação da governadora Izolda Cela, até então pedetista, à reeleição, já que ao PT caberia ser representado na candidatura da chapa governista ao Senado; e outro grupo que, assim como em eleições anteriores, defendia a tese de candidatura própria.

A chapa liderada pelo PT que disputa o Governo do Estado conseguiu unificar nomes como Luizianne Lins, José Guimarães e até o próprio Camilo, que sempre teve papel de conciliar interesses em prol da manutenção do elo entre os dois partidos.

CRESCIMENTO DE ELMANO

O PT também espera, com a chegada de Lula ao Ceará nesta sexta, consolidar uma tendência de crescimento de Elmano nas pesquisas de intenção de voto.

A evolução do desempenho do candidato petista nas três rodadas da pesquisa Ipec (de 19% em 1º de setembro, passou para 22% em 9 de setembro e chegou a 30% no último dia 22) indica que o apoio de Lula e de Camilo surtiu efeito ao longo da campanha.


A aposta na presença do ex-presidente nas ruas, agora, pretende ampliar a transferência de votos a dois dias da eleição. Estratégia semelhante à adotada pelo PT na Bahia, onde o postulante do partido a governador, Jerônimo Rodrigues, se vê em ascensão nas pesquisas em meio à disputa mais direta com ACM Neto (União Brasil). Lula também estará lá nesta sexta. A saber qual será o resultado disso nas urnas.

ATENÇÃO AO NORDESTE

Além da preocupação com a disputa estadual, vir ao Nordeste tem peso nacional para Lula. Reduto histórico de vitórias petistas, a região garante ao presidenciável um apelo simbólico presente na propaganda eleitoral dele.


É também, quase no encerramento da campanha, uma forma de reforçar a importância do Nordeste para as pretensões eleitorais do petista. Na reta final, o Ceará é visado por diferentes candidaturas. Berço político de Ciro Gomes, Sobral deve receber o pedetista também nesta sexta. O presidente Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, agitou a militância bolsonarista quando esteve em Fortaleza em julho passado já de olho na eleição.
ADVERSÁRIOS

Por fim, ainda que seja Elmano o candidato a estar ao lado de Lula, a agenda do petista certamente será observada atentamente pelos demais postulantes ao Governo do Estado. Nenhum ignora a presença do ex-presidente na disputa eleitoral no Ceará.

Até mesmo Capitão Wagner, apoiado por Bolsonaro, tem feito questão de se afastar do discurso de "voto casado" para presidente e governador e, ao mesmo tempo, reafirmar que dialogará com qualquer presidente caso seja eleito governador.

DN 

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