Ceará tem quase 3 mil desabrigados por conta das chuvas


Nesta segunda-feira, 10, a Prefeitura do município de Farias Brito, localizado a aproximadamente 472 km de Fortaleza, lançou uma campanha para arrecadar alimentos, produtos de higiene pessoal, água e roupas para as famílias que foram afetadas pela enchente que atingiu a cidade no último domingo, 09. As doações estão sendo recebidas na Secretaria de Assistência Social, no prédio da gestão, que fica no Centro da cidade. “Sua contribuição fará a diferença na vida de muitas pessoas”, escreveu a Prefeitura em um comunicado publicado nas redes sociais.

Foto: Defesa Civil do Ceará

Durante a madrugada do domingo de Páscoa, uma barragem de um açude rompeu em decorrência das fortes chuvas que atingiram o local. A água invadiu casas e comércios e muitas pessoas perderam todos os seus bens. Em nota, a Prefeitura informou que, devido aos transtornos, as aulas da escola Maria Carmosina estavam suspensas para garantir a segurança dos alunos e funcionários. Além disso, o aluguel social foi disponibilizado para famílias afetadas pela enchente; equipes de suporte foram enviadas para retirar tanto as pessoas quanto os móveis das casas localizadas em locais afetados; foi feito um mutirão de limpeza urbana para retirar terra, objetos carregados pela água e desobstruir as vias; foram disponibilizados alojamentos para famílias no CRAS SEDE e diversas outras medidas foram tomadas.

A quadra chuvosa de 2023 vem causando prejuízos em diferentes municípios cearenses. Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), entre domingo e segunda-feira, choveu em 100 localidades, sendo os maiores registros em Guaiúba, com 80 milímetros; Ipu, com 65 milímetros e Altaneira, com 58. De acordo com boletim atualizado pelo Governo Estadual nesta segunda-feira, até o momento, 19 cidades decretaram situação de emergência e uma outra, Milhã, está em estado de calamidade pública. Sete pessoas morreram no Ceará em decorrência das fortes precipitações e outras 29 ficaram feridas. Além disso, o número de desabrigados ou desalojados que, na segunda-feira passada, era de aproximadamente 2,6 mil, subiu para 2.951. 

Os municípios em emergência são Altaneira, Missão Velha, Aratuba, Antonina do Norte, Guaramiranga, Itapipoca, Uruburetama, Porteiras, Deputado Irapuan Pinheiro, Tururu, Senador Pompeu, Itapajé, Lavras da Mangabeira, Barreira, Pedra Branca, Umirim, São Benedito, Piquet Carneiro e Tabuleiro do Norte. A situação vivida no Ceará tem chamado atenção nacionalmente, no último domingo, quando comentava sobre os transtornos que estão sendo registrados devido às chuvas no Maranhão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva citou o cenário cearense. 

Dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) apontam que, em abril de 2023, o Ceará tem 60 açudes sangrando, ou seja, mais do que o dobro do que o que foi registrado no mesmo período do ano passado, quando 26 reservatórios sangravam no Estado. 2011 foi o último ano no qual tal marca foi aproximada, quando 67 açudes sangraram em território cearense. 

Dessa forma, atualmente, o Ceará tem armazenados 46% da sua capacidade total, com 8,61 bilhões de metros cúbicos, a maior reserva já registrada desde janeiro de 2013. É válido ressaltar que, no início deste ano, o percentual armazenado do Estado era de 31,4%. Os três maiores reservatórios cearenses estão com os melhores níveis atingidos nos últimos anos. O Orós tem 58,40% de sua capacidade, o maior índice desde março de 2013; o Banabuiú, tem 33,05%, que é o número mais alto desde outubro de 2013; e o Castanhão, por sua vez, apresenta 28,66%, o melhor resultado desde dezembro de 2014.

Previsão do Tempo

A Funceme informou que o Ceará continua com condição de chuvas em todas as macrorregiões. Porém, os acumulados devem reduzir entre hoje, 11, e quarta-feira, 12, principalmente no Sertão Central e Inhamuns, na Jaguaribana e no Cariri. Além disso, de acordo com o meteorologista da fundação, Augustinho Brito, as precipitações esperadas nos próximos dois dias devem ser mais passageiras e de fraca intensidade. “A atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) deve contribuir para essas chuvas principalmente no centro-norte do Ceará e efeitos locais como relevo, disponibilidade de umidade e temperatura devem contribuir para essas chuvas no interior”, explicou.

O Estado

 

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