Seca fraca no CE tem cenário mais positivo desde 2014


A quadra chuvosa de 2023 tem causado diferentes impactos no Ceará. De acordo com dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), durante o mês de março, por exemplo, o volume de precipitações médio acumulado no território foi de 301 milímetros, o que é 48% acima da média do mês. Nesse sentido, a Funceme explica que tal observado foi o maior desde o ano de 2008, fazendo com que uma tendência de redução nas secas relativas, que já era observada desde outubro do ano passado, se perpetuasse nesse período.
Foto: Marciel Bezerra\Funceme

Dessa forma, o mapa mais recente do Monitor de Secas aponta que houve redução da seca fraca no Ceará, indicando ainda,  ausência de impactos de seca no curto e longo prazo. “O cenário é o mais positivo desde 2014, quando a ferramenta foi implementada”, divulgou a fundação. Em fevereiro de 2023, por exemplo, 4,81% do Estado era classificado como seca fraca. Além disso, na época havia indicação de impactos de longo prazo como diminuição do plantio, do crescimento de culturas ou de pastagem, além de alguns déficits hídricos prolongados. 

O monitor classifica a seca em cinco categorias, sendo a seca fraca, a menos intensa. O pesquisador da Funceme, Leandro Valente, esclarece que a  seca é um fenômeno físico natural, que surge ou desaparece dependendo do quão boa for a qualidade do período de precipitações. “A estação chuvosa dos anos de 2020, 2021, 2022 e 2023, até o mês de março, tiveram uma melhor qualidade em relação à distribuição espacial e temporal das precipitações, o que justifica o desaparecimento dos impactos da seca no último mapa publicado”, pontua.

Nesse contexto, Valente explica que, quando uma região tem uma seca surgindo, tal fenômeno só pode ser classificado como fraco e de curto prazo. “Outra situação que pode acontecer é a região estar em seca fraca, mas estar com impactos apenas de longo prazo como, por exemplo, o mapa de fevereiro”, detalha. O monitor trabalha com o conceito de seca relativa, ou seja, avalia cada região em relação ao seu histórico.  “No último mapa publicado, todas as regiões do Ceará ficaram sem seca relativa em relação ao seu histórico, o que permite inferir que todas as regiões foram beneficiadas com tal redução”, afirma o pesquisador, acrescentando que, no momento, nenhuma região cearense está enfrentando problemas por ausência de precipitações.

O efeito positivo das chuvas frequentes também pode ser observado quanto ao abastecimento hídrico do Estado. Há pouco mais de uma semana, o maior reservatório do Ceará, o açude Castanhão, atingiu 30% de sua capacidade, algo semelhante não acontecia desde outubro de 2014, segundo informações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Isso significa que o reservatório, que pode armazenar até 6,7 bilhões de m³ de água, atualmente, possui, pelo menos, 2,04 bilhões de m³. É importante lembrar também que, em fevereiro, no início da pré-estação chuvosa, o Castanhão possuía 19,64% de suas possibilidades totais.

A Cogerh explica que o açude em questão abastece a região do Vale do Jaguaribe e, quando necessário, auxilia no abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza, o que não se fez necessário desde 2021, pois os reservatórios da região atingiram 100% de suas capacidades. Desse modo, o Ceará tem uma reserva hídrica de 9 bilhões de m³, o que corresponde a 48,52% do total. Com 63 açudes sangrando, o Estado alcançou o maior índice em 12 anos.

Na última semana, inclusive, o açude Araras, que fica no município de Varjota e é o quarto maior do território cearense, atingiu 100% de sua capacidade e sangrou. A última vez que isso ocorreu foi em abril de 2020. Além do abastecimento, o reservatório, construído em 1951, também é utilizado para atividades ligadas à piscicultura, tendo, portanto, grande relevância socioeconômica para a região norte.

O prognóstico climático da Funceme para os meses de março, abril e maio já indicava 40% de probabilidade para chuvas acima da normalidade, 40% em torno dela e 20% de possibilidade de precipitações abaixo do normal.

Por Yasmim Rodrigues

 

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