Ceará teve 39 mil tentativas de fraude no mercado eletrônico no 1º semestre de 2023, diz pesquisa



R$ 50 milhões seria o valor aproximado da soma todas as tentativas de golpes realizadas no Estado

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br 07:00 - 20 de Agosto de 2023 Segurança

Legenda: A empresa encontrou três tipos de fraudes mais comuns no e-commerce no País, no primeiro semestre do ano corrente
Foto: Jirapong Manustrong/Shutterstock



"Um ato ardiloso, enganoso e de má-fé". É assim que a pesquisa "Mapa da Fraude" denomina um golpe. Conforme o levantamento da empresa ClearSale, o Ceará teve cerca de 39 mil tentativas de fraude no e-commerce (mercado eletrônico) no primeiro semestre de 2023.

O número representa 2,3% das quantidades de pedidos que a população cearense fez no universo do e-commerce nos seis primeiros meses do ano, que foi de 1,7 milhão.


R$ 50 mi
seria o valor aproximado de todas as tentativas de golpes realizadas no Ceará, se somadas, já que o valor médio dos crimes ocorridos no Estado foi de R$ 1.284, segundo o "Mapa da Fraude".



O percentual de tentativas de golpes no Ceará (número utilizado na pesquisa para comparar os estados) é apenas o 4º maior do Nordeste, atrás da Bahia (2,8%), do Rio Grande do Norte e do Maranhão (ambos com 2,5%).

 
Na comparação com o primeiro semestre de 2022, a porcentagem de tentativas de golpes no e-commerce cometidas no Ceará diminuiu de 2,9% para 2,3%. Nos seis primeiros meses do ano passado, o Estado somou 1,8 milhão de pedidos no mercado eletrônico.

O maior alvo dos golpistas, no e-commerce, no Nordeste, são eletrônicos em geral: 6,3% dos pedidos envolvem tentativas de fraude, com um valor médio de R$ 2.355. Em segundo lugar, está a compra de celulares: 5,6%, com valor médio de R$ 2.517. E em terceiro, produtos de informática, com 5,3% e um valor médio de R$ 2.552.

Comparadas as regiões do Brasil, o Nordeste teve a segunda maior porcentagem de tentativas de fraude 2,2% (com um valor médio de R$ 1,3 mil), atrás apenas da Região Norte, que alcançou o percentual de 2,6% (com um valor médio de R$ 1.381). Centro Oeste teve 1,6% (ticket médio de R$ 1.438), Sudeste também 1,6% (ticket médio de R$ 1.157) e Sul, 1% (ticket médio de R$ 1.153).

Entre todos os estados brasileiros, o Ceará tem a 11ª maior porcentagem de tentativas de fraude no e-commerce, no primeiro semestre de 2023. O pior índice é encontrado no Acre, onde 3% dos pedidos envolveram crimes. E o melhor no Paraná, com apenas 0,9% dos pedidos tendo objetivo criminoso.



R$ 2,5 bi
foi o valor somado das 2 milhões de tentativas de fraudes no e-commerce ocorridos no Brasil, nos 6 primeiros meses do ano, conforme a pesquisa.


Tipos de fraudes mais comuns

A ClearSale, que realizou a pesquisa "Mapa da Fraude", é uma empresa que trabalha com inteligência de dados para prevenção a riscos em diferentes mercados, como e-commerce, mercado financeiro, vendas diretas e telecomunicações. "A ClearSale trabalha ativamente há mais de duas décadas para proteger empresas e consumidores contra o trabalho cada vez mais criativo e ardiloso de fraudadores", define o head de estratégia e novos negócios da ClearSale, Marcelo Queiroz.

A empresa encontrou três tipos de fraudes mais comuns nas vendas pela Internet no País, no primeiro semestre do ano corrente. A principal delas é a fraude efetiva ou fraude limpa, quando o "fraudador realiza a compra na loja virtual e, na hora de pagar, utiliza informações roubadas de cartões de crédito de bons consumidores", segundo a ClearSale.



A fraude amigável "ocorre quando alguém próximo ao titular do cartão, geralmente parentes ou amigos, faz uma compra sem o consentimento dele". "Ao receber sua fatura, o dono do cartão não reconhece a compra e entra em contato com a instituição financeira para pedir o estorno", completa.



Existe ainda a autofraude. "Diferente dos demais tipos de fraudes no e-commerce, a autofraude é uma ação realizada pelo próprio titular do cartão. Nesse caso, ele realiza a compra online e, dentro do prazo da instituição financeira (180 dias), contesta o lançamento, alegando que não fez a compra, mesmo já tendo recebido o produto", explica.

Marcelo Queiroz ressaltou que, "embora tenha uma equipe especializada em inteligência de ameaças, o único trabalho que a ClearSale pode realizar com a Polícia é de colaborar com investigações oficiais e com informações solicitadas formalmente pelo Ministério Público e outros órgãos oficiais de Justiça, pois a conformidade com a LGPD e os valores que baseiam o trabalho da ClearSale desde sua fundação prezam pela confidencialidade e total segurança de todos os dados que trafegam por nossas bases, o que impede, obviamente, todo e qualquer tipo de compartilhamento".
Polícia faz recomendações sobre compras online

Procurada pela reportagem sobre o tema, a Polícia Civil do Ceará (PC-CE) informa, por nota, que os casos de fraude chegam ao conhecimento da Polícia Judiciária "por meio das mais diversas formas de notícias de crime, como: registro de Boletim de Ocorrência (BO), petições, requisições, ou até mesmo investigações instauradas de ofício a partir do momento em que a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso".

A Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF), unidade especializada da Polícia Civil, investiga os crimes que têm valores acima de 80 salários mínimos, que ocorreram em Fortaleza.

A Polícia Civil listou recomendações para quem for fazer compras online não cair em golpes: Não fazer download de aplicativos suspeitos;
Não abrir links desconhecidos;
Não fornecer dados sem antes verificar a segurança do site;
Desconfiar sempre e checar a procedência do site;
Não cadastrar a mesma senha e login em todos os sites utilizados;
Não deixar os dados do cartão de crédito salvos no site;
Não enviar dinheiro ou valores solicitados por mensagem ou ligação;
Certifique-se de quem se trata a pessoa com quem você está em contato para não cair em um golpe.



"Outra forma de evitar golpes é ativar a verificação em duas etapas do WhatsApp, é um mecanismo de segurança disponível no aplicativo. Assim, qualquer tentativa de verificação de um número de telefone no aplicativo terá de ser acompanhada por um PIN (senha) de seis dígitos, criado pelo usuário. Para a Polícia Civil, essa é uma das melhores formas de se prevenir contra possíveis golpes com páginas na Internet", acrescentou.



A PC-CE destaca ainda que as vítimas de crimes dessa natureza podem registrar um Boletim de Ocorrência (B.O), a qualquer hora do dia ou da noite, por meio da Delegacia Eletrônica (Deletron), no site http://www.delegaciaeletronica.ce.gov.br/beo/. A Deletron atende todo o Estado. Com o B.O registrado, a vítima deve entrar em contato com o seu cartão de crédito para cancelar a compra não reconhecida e informar, também, a loja onde a compra foi efetuada.

O crime de estelionato é aplicado para obtenção de vantagem ilícita sobre a vítima. Pessoas que praticam esse tipo de crime podem pegar pena até 5 anos de reclusão, segundo a Polícia Civil.

DN

 

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