CPI da Enel: novas irregularidades são apresentadas por deputados


Em nova reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga supostas irregularidades e abusos por parte da Enel, os deputados estaduais ouviram, nessa quarta-feira (20), a chefe do Programa de Orientação, Proteção e Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa (Procon Assembleia), Valéria Cavalcante, e o presidente do Conselho de Consumidores da Enel Distribuição Ceará (Conerge), Antônio Erildo Lemos. Além disso, apresentaram novas denúncias contra a distribuidora.

Valéria Cavalcante apresentou dados que mostram a Enel na primeira posição em ranking com as empresas que mais receberam reclamações dos consumidores no Ceará. A Enel ficou em primeiro lugar na lista em período de cinco anos, de 2019 a 2023. Os dados são do Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec), com o qual o Procon Assembleia tem convênio. Além disso, ela informou que neste ano a Enel não está enviando mais os membros do corpo técnico para as audiências promovidas pelo órgão, apenas os advogados. “Tivemos agora em 2023 essa surpresa, que não vem mais o corpo técnico para as audiências presenciais.”

Antônio Erildo Lemos citou vários problemas de que tem ciência a partir do que ouve dos consumidores e do que observa na empresa, como problemas de gestão, decisões centralizadas, atrasos na resolução das demandas dos consumidores, fechamento de agências da empresa e demissões de colaboradores. Ele adiantou à CPI que recentemente houve mudança no comando da empresa na Itália, com novo CEO.
Durante a reunião, o presidente da CPI, deputado Fernando Santana (PT), apresentou novas denúncias contra a Enel que, segundo ele, ainda estão sendo apuradas. A primeira seria a de que a Enel teria comprado equipamentos para serviços de manutenção no valor de R$ 700 milhões e, em seguida, os teria vendido.
“Quando esta Casa passou a reverberar o sentimento do povo cearense, a Enel passou a dizer que pretendia vender seus ativos, o que muito nos estranhou. A denúncia é de que a empresa começou a vender esses equipamentos no mercado paralelo”, afirmou. Com isso, estariam faltando equipamentos para a execução de serviços de manutenção para atender às reclamações dos consumidores cearenses.
A segunda denúncia apresentada por Santana acusa a Enel de vender ativos para outra empresa do setor, a Equatorial Energia. “Estamos apurando se de fato a Enel vendeu para a Equatorial ou, se por não ter mais os equipamentos para fazer manutenção, está terceirizando com a empresa”.

Também participaram da reunião da CPI os deputados Guilherme Landim (PDT), Lia Gomes (PDT), Gabriela Aguiar (PSD), Agenor Neto e Felipe Mota (União).
Nesta quinta-feira (20), os deputados querem fazer reunião extraordinária. Desta vez, para ouvir a Associação dos Municípios do Ceará (Aprece). Os parlamentares também estudam levar os trabalhos da CPI ao interior, fazendo sessões itinerantes por região do Estado.
Em nota, a Enel informou que recebeu, no fim de agosto, comunicado da Alece sobre a instauração da CPI. As informações solicitadas foram enviadas dentro do prazo. A empresa ressaltou que está aberta ao diálogo e contribuirá com os trabalhos da Comissão.

Disse ainda que, nos últimos cinco anos, investiu mais de R$ 5,1 bilhões e, como resultado, “a distribuidora registrou avanços expressivos nos índices de qualidade medidos pela agência reguladora do setor elétrico, a Aneel. De junho do ano passado a junho deste ano, a empresa reduziu em 12,9% a duração média das interrupções (DEC por Unidade Consumidora) e em 9,4% a frequência média das interrupções de energia (FEC por Unidade Consumidora)

 


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