Lia Gomes diz que Figueiredo quer comando do PDT 'sem se importar se vai caber dentro de um fusca'



Comando do partido no Ceará já passou por duas trocas em menos de três meses
Escrito por Alessandra Castro , alessandra.castro@svm.com.br 16:39 - 03 de Outubro de 2023 Atualizado às 17:08
PontoPoder

Legenda: Para Lia, últimas movimentações deixando o partido "vulnerável" para as eleições de 2024
Foto: Fabiane de Paula


A deputada estadual Lia Gomes (PDT) lamentou a decisão do deputado federal André Figueiredo de retomar a presidência do PDT no Ceará nessa segunda-feira (2), interrompendo o mandato interino do senador Cid Gomes no comando da legenda. Para ela, Figueiredo "quebrou o acordo" de surpresa "sem se importar se o PDT que vai ficar para caber dentro de um fusca", já que a maioria do partido apoia a liderança de Cid.


"Eu penso que o André quer hoje que o grupo majoritário, sem se importar se o PDT vai ficar para caber dentro de um fusca, mas, se couber dentro de um fusca, será por esse grupinho de três deputados estaduais, um federal e um prefeito. Um partido, que é o maior do Estado, passaria a caber dentro de um fusca, mas esse fusca seria 100% dominado por ele"

Lia Gomes
Deputada Estadual


Para ela, a decisão de André Figueiredo foi de "caso pensado". Irmã de Cid e Ciro Gomes, que estão em lados opostos dentro do PDT, Lia diz que fica "particularmente afetada" pelo racha na legenda impactar na relação entre os irmãos, mas que não participa da divisão na família.

"Eu não entendo que, familiarmente, a gente esteja em lados opostos, embora haja algumas divergências profundas que têm sido expostas até pelo Cid e pelo Ciro publicamente. No que me diz respeito, eu não participo dessa cisão de dizer que estou do lado de um ou de outro", declara. 



Ela ressalta, no entanto, que apenas faz parte da maior fatia da bancada do PDT que defende o apoio ao Governo Elmano de Freias (PT). Dos 13 estaduais, 10 compõem a base governista. Ainda conforme Lia, o movimento de André Figueiredo deixa a legenda "vulnerável" para as eleições de 2024.

"Nós estamos vivendo um momento de uma certa tensão, uma disputa dos partidos pelas lideranças municipais. (...) Isso (racha interno) coloca o nosso partido em uma situação muito vulnerável, porque passa uma imagem para os líderes municipais de que não existe estabilidade no partido", destaca.

A reportagem procurou o deputado André Figueiredo para saber se ele gostaria de comentar a declaração, mas ele informou por meio da assessoria que não vai se manifestar.
Direção em disputa

Na manhã da segunda-feira (2), André Figueiredo destituiu o senador Cid Gomes do comando PDT Ceará e reassumiu a titularidade do comando da legenda. A decisão pôs fim a um acordo firmado havia menos de três meses para tentar acalmar os ânimos de correligionários cidistas e ciristas dentro da legenda. O grupo ligado ao senador defende apoio ao Governo do Estado e o nome do presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão (PDT), como pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza em 2024. Já os ciristas defendem oposição e o nome do prefeito José Sarto (PDT) para a reeleição. 



Em julho, quadros aliados ao senador ameaçavam fazer uma eleição "até na calçada" para colocar Cid no comando da agremiação diante de impasses com André Figueiredo pelo silêncio sobre o apoio ao Governo do Ceará. Para colocar panos quentes no assunto, Figueiredo se licenciou do comando da legenda a nível estadual, ficando apenas na presidência interina do PDT Nacional.

Com o retorno na segunda, ele voltou a acumular os dois cargos — o que provocou novas movimentações. Na tarde do mesmo dia, o senador se reuniu com deputados federais e estaduais da legenda para discutir os próximos passos. Na ocasião, eles acertaram que irão convocar uma reunião do diretório para realizar uma eleição da Executiva Estadual — a fim de depor André e colocar Cid no comando de forma permanente até uma nova eleição interna, prevista para dezembro.

A expectativa é de que a eleição do diretório possa ser realizada no dia 16 de outubro, após protocolarem o pedido. Para isso, é necessário assinatura de pelo menos 1/3 dos membros do diretório para convocar a eleição.

DN

 

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