Evento em Brasília celebrará democracia
Nesta segunda-feira (8), quando faz um ano dos atos golpistas do 8 de
janeiro, os presidentes dos Três Poderes da República estarão reunidos,
no Congresso Nacional, em Brasília, no ato Democracia Inabalada. O
evento contará ainda com a participação de outras autoridades nacionais e
governadores.
A cerimônia terá início com a execução do Hino
Nacional pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, acompanhada de
grupo musical. Depois, os presidentes dos três Poderes farão discursos.
Além de reafirmar a importância e a força da democracia brasileira, o
evento celebra a restituição ao patrimônio público de alguns itens
depredados durante a invasão.
Haverá o descerramento de placa
alusiva à restauração da tapeçaria de Burle Marx, que faz parte do
acervo do Senado Federal, e a entrega simbólica da Constituição Federal
que foi levada do STF durante os atos antidemocráticos e recuperada
posteriormente, segundo as Agências Câmara e Senado.
89% desaprovam invasões
Um
ano após o 8/1, 89% reprovam as invasões, 6% afirmam aprovar o que
ocorreu no episódio e 4% não souberam ou não quiseram responder. Os
dados são da pesquisa da Quaest, divulgada nesse domingo (7). Foram
realizadas 2.012 entrevistas com brasileiros com 16 anos ou mais de 14 a
18 de dezembro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais
e para menos.
No primeiro levantamento realizado pela empresa,
94% desaprovavam a invasão golpista, 4% aprovavam e 2% não sabiam ou não
queriam responder. O patamar se mantém alto em todas as regiões do
Brasil, em todas as faixas de renda e escolaridade. Entre os eleitores
de Lula (PT), 94% afirmaram desaprovar os ataques, e 4% aprovavam. Já
entre os que votaram em Jair Bolsonaro (PL), 85% se dizem contra o
episódio, e 11%, a favor.
A Quaest ainda perguntou se o
ex-presidente teve algum tipo de influência no 8 de janeiro, e 47%
responderam que sim, ante 43% que afirmam não ver influência do capitão
reformado do Exército. E 10% não souberam ou não quiseram responder.
Na
região Nordeste é onde mais se acredita em influência de Bolsonaro nos
ataques: 57% vêem influência, contra 33% que não veem ligações do
ex-mandatário no evento em Brasília. Já os sulistas são os que menos
veem participação do ex-presidente, com 52% acreditando não haver
influência, ante 39% que afirmam ver envolvimento dele nos ataques.
Ainda,
para 51% os participantes da invasão são radicais e não representam os
eleitores de Bolsonaro, e 37% acreditam que os golpistas representam os
eleitores do ex-presidente. Já 13% não souberam ou não quiseram
responder.
O ex-presidente é investigado por suposto envolvimento
nos ataques golpistas, seja como mentor intelectual ou como instigador.
Para além do Supremo Tribunal Federal (STF), que o incluiu em
inquéritos sobre os atos, ele também é alvo de apuração pela Polícia
Federal.
Sistema político
Os 61 mil primeiros exemplares da
Constituição de 1988 contavam com um prefácio assinado pelo deputado
Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Nacional Constituinte. O
texto foi suspenso das impressões seguintes a pedido de dois senadores,
que argumentaram que o Congresso não tinha votado a inclusão. Intitulado
“Constituição Coragem”, o prefácio barrado dava as pistas dos
mecanismos que protegeriam a democracia de uma nova ruptura, mais de 30
anos depois: “Eis a inovação da Constituição de 1988: dividir
competências para vencer dificuldades, contra a ingovernabilidade
concentrada em um, possibilita a governabilidade de muitos”.
A
separação dos Poderes e o empoderamento das instituições que limitam o
Executivo ajudaram a frear as intenções autoritárias de Bolsonaro, que
tentou minar a democracia de duas formas, segundo especialistas. A
primeira, mais tradicional e associada aos líderes autoritários do
século 20, envolveu a consulta aos comandantes das Forças Armadas sobre a
possibilidade de um golpe, como noticiou a Folha. A segunda, mais
gradual e alinhada à cartilha autoritária do século 21, aconteceu por
dentro do Estado e das instituições, como quando Bolsonaro patrocinou a
PEC do voto impresso. Ambas as estratégias falharam
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