Evento em Brasília celebrará democracia

 

Evento em Brasília celebrará democracia

segunda-feira, 08 de janeiro 2024

Nesta segunda-feira (8), quando faz um ano dos atos golpistas do 8 de janeiro, os presidentes dos Três Poderes da República estarão reunidos, no Congresso Nacional, em Brasília, no ato Democracia Inabalada. O evento contará ainda com a participação de outras autoridades nacionais e governadores.

A cerimônia terá início com a execução do Hino Nacional pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, acompanhada de grupo musical. Depois, os presidentes dos três Poderes farão discursos. Além de reafirmar a importância e a força da democracia brasileira, o evento celebra a restituição ao patrimônio público de alguns itens depredados durante a invasão.

Haverá o descerramento de placa alusiva à restauração da tapeçaria de Burle Marx, que faz parte do acervo do Senado Federal, e a entrega simbólica da Constituição Federal que foi levada do STF durante os atos antidemocráticos e recuperada posteriormente, segundo as Agências Câmara e Senado.

89% desaprovam invasões
Um ano após o 8/1, 89% reprovam as invasões, 6% afirmam aprovar o que ocorreu no episódio e 4% não souberam ou não quiseram responder. Os dados são da pesquisa da Quaest, divulgada nesse domingo (7). Foram realizadas 2.012 entrevistas com brasileiros com 16 anos ou mais de 14 a 18 de dezembro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais e para menos.

No primeiro levantamento realizado pela empresa, 94% desaprovavam a invasão golpista, 4% aprovavam e 2% não sabiam ou não queriam responder. O patamar se mantém alto em todas as regiões do Brasil, em todas as faixas de renda e escolaridade. Entre os eleitores de Lula (PT), 94% afirmaram desaprovar os ataques, e 4% aprovavam. Já entre os que votaram em Jair Bolsonaro (PL), 85% se dizem contra o episódio, e 11%, a favor.

A Quaest ainda perguntou se o ex-presidente teve algum tipo de influência no 8 de janeiro, e 47% responderam que sim, ante 43% que afirmam não ver influência do capitão reformado do Exército. E 10% não souberam ou não quiseram responder.
Na região Nordeste é onde mais se acredita em influência de Bolsonaro nos ataques: 57% vêem influência, contra 33% que não veem ligações do ex-mandatário no evento em Brasília. Já os sulistas são os que menos veem participação do ex-presidente, com 52% acreditando não haver influência, ante 39% que afirmam ver envolvimento dele nos ataques.

Ainda, para 51% os participantes da invasão são radicais e não representam os eleitores de Bolsonaro, e 37% acreditam que os golpistas representam os eleitores do ex-presidente. Já 13% não souberam ou não quiseram responder.

O ex-presidente é investigado por suposto envolvimento nos ataques golpistas, seja como mentor intelectual ou como instigador. Para além do Supremo Tribunal Federal (STF), que o incluiu em inquéritos sobre os atos, ele também é alvo de apuração pela Polícia Federal.

Sistema político
Os 61 mil primeiros exemplares da Constituição de 1988 contavam com um prefácio assinado pelo deputado Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Nacional Constituinte. O texto foi suspenso das impressões seguintes a pedido de dois senadores, que argumentaram que o Congresso não tinha votado a inclusão. Intitulado “Constituição Coragem”, o prefácio barrado dava as pistas dos mecanismos que protegeriam a democracia de uma nova ruptura, mais de 30 anos depois: “Eis a inovação da Constituição de 1988: dividir competências para vencer dificuldades, contra a ingovernabilidade concentrada em um, possibilita a governabilidade de muitos”.

A separação dos Poderes e o empoderamento das instituições que limitam o Executivo ajudaram a frear as intenções autoritárias de Bolsonaro, que tentou minar a democracia de duas formas, segundo especialistas. A primeira, mais tradicional e associada aos líderes autoritários do século 20, envolveu a consulta aos comandantes das Forças Armadas sobre a possibilidade de um golpe, como noticiou a Folha. A segunda, mais gradual e alinhada à cartilha autoritária do século 21, aconteceu por dentro do Estado e das instituições, como quando Bolsonaro patrocinou a PEC do voto impresso. Ambas as estratégias falharam

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